sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
A mídia e o debate da CPMF
Fonte: Observatório da Imprensa
Não há como esconder ou disfarçar: foi visível, quase ostensivo, o apoio da mídia ao fim da CPMF. E não poderia ser diferente: em primeiro lugar porque leitores, ouvintes e telespectadores de todos os níveis sociais e culturais, mesmo em países do primeiro mundo, detestam pagar taxas e impostos. O civismo e o patriotismo esbarram sempre nos interesses individuais, isto é, no bolso.
Em segundo lugar, há que considerar que desta vez, ao se discutir a prorrogação da contribuição, o bloco do "não" foi capitaneado pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a mais articulada e ativa corporação empresarial do país. Assim como seria suicídio confrontar a vontade das audiências, a mídia também não pôde ir contra os interesses dos anunciantes. Com mais dinheiro em caixa há mais investimentos e, com mais investimentos, mais anúncios.
Viva o rei
Há uma terceira explicação, esta mais sutil e subjetiva, para a preferência da imprensa pelo fim do imposto do cheque: a derrota do governo seria mais notícia, renderia mais debates, produziria maior repercussão, faria mais barulho.
Um governo com altas taxas de popularidade, nunca contrariado, tipo rolo compressor, acaba chato, maçante. E até pode ser perigoso.
O jornalismo vive de novidades, movimento, contradições. Exemplo: derrotada a CPMF, já se fala na nova CPMF que vem por aí.
O rei é morto, viva o rei.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Uma idéia atual
A partir do dia 07/12, os internautas poderão assistir ao novo filme do gaúcho Carlos Gerbase, 3 Efes, na íntegra no Terra. A produção estreiou simultaneamente no cinema, televisão a cabo (Canal Brasil), Internet (Terra) e DVD.
Os internautas podem acessar ao filme em streaming, que deixa download do arquivo mais leve e rápido. 3 Efes entra em cartaz simultaneamente nas salas digitais do sistema RAIN pelo País, onde fica por apenas sete dias.
Depois da estréia, os internautas poderão assistir ao longa a qualquer hora no Portal Terra. O filme estará disponível por tempo indeterminado no Terra em versão on demand (VOD). Com isso, o espectador pode escolher qual parte quer assistir. É possível adiantar e voltar trechos, bem como pausá-los.
História
3 Efes concentra-se em alguns dias na vida de poucos personagens cujas maiores necessidades explicam o título - comida, sexo e "fasma", palavra que vem do grego e tem a ver com a vida em sociedade.
A protagonista é Sissi (Cris Kessler), uma jovem universitária que trabalha no telemarketing para ajudar o pai viúvo e desempregado. Como nunca tem dinheiro, ela vive com fome. Uma amiga diz que está ganhando muito fazendo programas, e a moça começa a pensar nessa possibilidade para aumentar a renda.
Sua tia Martina (Carla Cassapo), cozinheira de mão cheia, também anda desgostosa com a vida. O marido Rogério (Leonardo Machado) mal tem tempo para ela, pois está cheio de problemas na agência de publicidade onde trabalha. A mulher, que faz pratos elaborados, começa a convidar um catador de papel (Paulo Rodrigues) para dividir a refeição. Da mesa para a cama é só um passo.
Rogério não sente muita fome, mas o sexo passa a ter um papel fundamental quando é obrigado a virar amante de sua chefe para garantir o emprego. Aos poucos, suas vidas vão se cruzando até chegar a um clímax, que conta com a participação de Julio Andrade, protagonista de Cão Sem Dono, de Beto Brant.
A Produção
O longa 3 Efes foi rodado em Porto Alegre durante apenas 20 dias, entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Carlos Gerbase trabalhou com uma equipe formada por universitários do curso de Cinema, que usaram uma câmera mini-DV e um kit de luz portátil nas gravações.
O elenco também é formado por novatos. A protagonista Cris Kessler e o papeleiro vivido por Paulo Rodrigues são estreantes. Outros atores já haviam trabalhado com o diretor antes. Ana Maria Mainieri atuou em Tolerância e Carla Cassapo, Leonardo Machado e Fábio Rangel fizeram pequenos papéis em Sal de Prata.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
UnB TV (NET canal 06), a nova TV comunitária do DF
A UnB TV, dirigida por Armando Bulcão, foi inaugurada em 21 de novembro de 2006 e é uma rede de televisão comunitária. Está inserida na idéia das tevês universitárias, que têm como intuito servir de ponte de ligação entre universidade e comunidade.
É organizada pelo Centro de Produção Cultural e Educativa (CPCE) da Universidade de Brasília (UnB), ligado à reitoria, estando aberta à participação de professores, estudantes e servidores de todas as áreas da Universidade. Foi idealizada por Darcy Ribeiro e Roberto Pompeu de Souza, respectivamente um dos fundadores da Universidade e o criador do curso de Comunicação Social da UnB, que tinham como preocupação criar um veículo com uma programação ligada a temáticas tais como educação, cidadania, ciência, tecnologia, arte e cultura.
A programação conta com entrevistas com artistas, muitos ligados a movimentos ativistas, coberturas de eventos esportivos, como o pan-americano 2007 no Rio de Janeiro, homenagens a pessoas de importância no cenário cultural brasiliense, tais como Afonso Brazza, informações sobre projetos, como o projeto Rondom, etc... Em suma, a programação da UnB TV cobre eventos importantes da cidade, entra em contato com as personalidades do cenário artístico-cultural, abre espaço para as vozes de movimentos ativistas e para a voz do estudante universitário, seja para dar sua opinião acerca de questionamentos socialmente relevantes do momento, seja para fazer homenagens ou programas humorísticos descontraídos.
A UnB TV é exibida pelo canal 6 da NET tevê a cabo em Brasília. Para quem não tem TV a cabo, partes de sua programação podem ser encontradas no youtube.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Jornais ainda dão saltos no escuro em matéria de estratégias online
Postado por Carlos Castilho em 30/11/2007 às 4:33:46 PM
A vida digital dos jornais impressos tem sido um verdadeiro calvário de apostas no escuro e de uma persistente falta de parâmetros sobre o que pode ou não dar certo.
O grupo gaúcho RBS, por exemplo, apostou inicialmente na marca diferenciada ClickRBS para assinalar a sua presença noticiosa na Web, mas agora muda de estratégia para colocar suas fichas em identidades que o público já conhece, como os seus carros-chefes , os jornais Zero Hora e Diário Catarinense.
O dilema do grupo RBS é o mesmo de quase todos os grandes jornais brasileiros e também dos principais grupos jornalísticos europeus e norte-americanos. Eles não sabem se é melhor usar marcas associadas a produtos impressos para atrair leitores virtuais ou criar um produto específico para os internautas.
Ninguém até agora descobriu a fórmula mágica, embora seja cada vez mais intensa a migração de leitores para as edições online. As estatísticas européias falam de mais de 40% de crescimento da visitação nas páginas online em jornais como o britânico The Guardian.
O que todos os executivos de jornais já sabem é que a versão online tende a se diferenciar cada vez mais da versão impressa por conta de comportamentos e demandas especificas dos leitores virtuais.
Todos os jornais do mundo começaram praticamente transcrevendo o material impresso na internet. As primeiras versões clonadas sobrevieram até 2001 e 2002 quando os jornais aderiram à moda do portal de notícias, onde a atualidade compartilhava espaços com produtos tipicamente web, como blogs, chats, enquetes, fóruns etc.
Com o passar do tempo, os portais foram se distanciando cada vez mais das versões impressas e os executivos passaram a enfrentar o dilema de preservar minimamente as características do jornal vendido em bancas ou descaracterizar totalmente marcas centenárias para seguir as tendências da Web.
A dificuldade da escolha é ampliada pela angustiante coincidência da sucessão de indicadores pessimistas sobre a indústria da notícia impressa em papel e das estatísticas alvissareiras sobre aumento de público e publicidade no mundo dos portais noticiosos.
Alguns jornais norte-americanos e europeus chegaram a assistir perdas de 7% a 13% nas receitas publicitárias impressas, enquanto a versão online das mesmas publicações dispara em direção a índices superiores a 20%, na coleta de anunciantes.
No Brasil, a opacidade corporativa dos grandes conglomerados mediáticos nos priva de indicadores mais precisos sobre a realidade do setor. Mas se depender da angústia dos seus principais executivos, a situação é para lá de preocupante, mesmo com os saudáveis índices de faturamento publicitário neste final de ano, especialmente no eixo Rio-São Paulo.
Ao apostar nas velhas marcas ZH (Zero Hora) e DC (Diário Catarinense), o grupo RBS procura frear a debandada de público rumo à voragem informativa na Web, bem como tenta manter o velho rebanho de leitores dentro dos limites do virtual monopólio jornalístico do conglomerado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A RBS reproduz a estratégia usada por outros grupos da mídia, principalmente na Europa, de criar produtos diferenciados. Assim o portal ClickRBS será mantido para se tornar um produto genuinamente Web, para abrir blogs, chats, vídeos, radio online e tudo o que ainda está por vir. A perna comercial da estratégia do grupo gaúcho é o portal Hagah, voltado para o comércio eletrônico, empregos e classificados.
O problema é que, como já aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, os produtos diferenciados não conseguem decolar quando sua imagem está descolada das marcas tradicionais impressas. Isto faz com que eles, em termos de imagem pública, tenham que enfrentar, em pé de igualdade, a concorrência de iniciativas exclusivamente online, que são muito mais ágeis.
No fundo o principal problema dos principais jornais impressos é a sua própria grandeza, porque desenvolveram estruturas pesadas e burocráticas que apresentam uma grande inércia na definição de novas estratégias para sua presença online.
Quando finalmente decidem mover-se são forçados a concorrer com novatos que nasceram dentro da Web e a conhecem muito melhor. Há casos de sucesso como o Guardian, O Globo, The Washington Post e El Mundo (espanhol), mas a grande maioria dos jornais impressos ainda não sabe para onde ir e como ir.
Mídia não veste a carapuça
A culpa é sempre dos outros, a mídia nunca veste a carapuça. Na quarta-feira (5/12), os jornalões espernearam contra o baixo desempenho de nossos alunos no ranking internacional de compreensão de leitura. Todos, sem exceção, caíram em cima das autoridades estaduais ou federais da área da educação.
O Estado de S.Paulo, seguindo a paranóia privatista, chegou a aventar a hipótese de que um ranking só com alunos da rede privada deixaria o país em 27º lugar, e não na vexatória 49º posição do conjunto de escolas.
A mídia não teria uma parcela de responsabilidade na incapacidade de nossas crianças e jovens em entender o que lêem? Alguém já abriu o Globinho, o Estadinho e a Folhinha, cadernos infantis dos sábados, para verificar a qualidade dos seus textos? E a Folhateen, das segundas-feiras, estimula os adolescentes a refletir sobre o que lêem ou é apenas uma convocação para modismos e consumismo juvenis?
A imprensa é uma importante ferramenta de fomento de leitura – o desleixo e a pobreza de seus textos vão aparecer lá adiante, na sala de aula. Conviria que treinasse um mea-culpa.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Hélio Costa ignora ABNT e diz que conversor deve ter software
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que os conversores de TV digital que estiverem no mercado sem o programa Ginga, que vai permitir a interatividade plena (envio de dados para as emissoras), não podem ser vendidos.
Conversores sem o programa Ginga não podem ser vendidos, diz ministro Costa
"O conversor tem que ser um só. Existem normas técnicas que têm que ser seguidas. O que não colocou o Ginga não pode ser vendido, não atende às normas técnicas do Fórum da TV digital. A tecnologia está pronta, quem quiser o Ginga baixa da internet sem custo."
Nenhum dos aparelhos à venda tem ou pode ser adaptado com o Ginga, mas as declarações do ministro não têm respaldo na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que divulgou as especificidades aos conversores no sábado. Segundo o documento, "o porte do Ginga é opcional".
De acordo com Erlei Guimarães, diretor da Positivo Informática, agora "a indústria está pegando as especificações e transformando em um software que pode ser embarcado em um conversor". Roberto Barbieri, diretor da Semp Toshiba, afirma que "a bateria padrão de testes fixada pelo Fórum não está desenvolvida ainda". Após isso, diz, ainda será necessário fazer testes de campo.
Eugênio Staub, presidente da Gradiente, afirmou no domingo que, "nos próximos dias", a empresa --que seria a primeira-- vai lançar um conversor já pronto para receber o Ginga.
Sobre a possibilidade de download do programa, só profissionais especializados saberiam usá-lo. Segundo Luiz Fernando Gomes Soares, da PUC-RJ, um dos coordenadores do projeto de desenvolvimento do Ginga, o consumidor "teria que comprar um demodulador ISDB e ligar no computador e na TV". Com isso, o PC funcionaria como um conversor.
Além disso, a interatividade plena só será possível quando for definido o canal de retorno (telefone, internet) que será usado para enviar os dados às emissoras de televisão.
Microsoft é condenada a pagar US$ 140 mi por quebra de patente nos EUA
A Justiça dos Estados Unidos condenou a Microsoft a pagar mais de US$ 140 milhões (R$ 255 milhões) por supostamente ter desrespeitado as patentes de uma empresa de tecnologia de Michigan.
A z4 Technologies entrou com uma ação contra a Microsoft e a empresa de software Autodesk em 2004. A companhia alegava que a tecnologia que elas utilizaram para ativar aplicativos recém-instalados e impedir a pirataria infringia as patentes obtidas por David Colvin, o dono da z4.
A empresa de Michigan afirmava que o Windows XP e o Microsoft Office 2003 utilizavam um método, já patenteado, de pedir que os usuários de computador digitassem duas senhas, ou códigos de autorização, antes que eles pudessem utilizar totalmente o novo software.
Em abril de 2006, um Tribunal Federal no Texas ordenou que a Microsoft pagasse US$ 115 milhões à z4, mais os custos com o processo e US$ 25 milhões pela quebra da patente. A Microsoft, que recorreu da decisão, argumentava que essas licenças eram invalidas.
Entretanto, em 16 de novembro, uma Corte de Federal de Apelações do país que analisa todos os recursos sobre a questão das patentes manteve a decisão na íntegra.
A Microsoft informou por meio de seu porta-voz David Bowermaster que o Windows Vista e o Office 2007 não foram afetados pela decisão. Ele disse ainda que a empresa não tem de fazer nenhum ajuste técnico no XP ou no Office 2003.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Net lança conversor para TV Digital
Equipamento cedido em comodato aos assinantes dispensará uso de outros decodificadores ou antenas
Roberta Ristori
30/11
Na esteira do início das operações da TV digital no país, iniciada no próximo domingo, 2, a Net Serviços e a Globosat anunciaram nesta sexta-feira, 30, o seu serviço de transmissão de sinal digital de TV em alta definição. Assim, a Net Digital HD apresentou comercialmente o seu decodificador - fabricado pela Cisco - que permitirá a recepção de canais da TV aberta e por assinatura transmitidos em alta definição.
O equipamento, que custa R$ 799, é cedido em comodato e dispensa os assinantes da aquisição de outro set top box ou utilização de antenas internas ou externas para recepção do sinal. O conversor destina-se a televisores de plasma ou LCD, com displays capazes de suportar a maior resolução HD.
Posteriormente, os clientes da Net Digital HD poderão habilitar os recursos de gravação e armazenamento da programação, além de pausar, avançar e retroceder. As funcionalidades estarão disponíveis para os assinantes que aderirem ao serviço de gravação digital (DVR).
A Globosat apresentou também o canal Globosat HD (canal 501), 100% produzido e exibido em alta definição, com o objetivo de dar aos clientes a oportunidade de "degustar" a nova tecnologia. "A Globosat HD traz aos assinantes a experiência de ver TV no formato digital", diz Pedro Garcia, diretor da Globosat HD.
O canal exibirá seis horas de programação diária, das 19h à 1h, que será reprisada no resto do dia. Trata-se da combinação de programas exibidos pelos canais da Globosat nos gêneros musical (Multishow), filmes (Telecine), esportes (SporTV) e programas do canal GNT.
Segundo Márcio Carvalho, diretor de produtos e serviços da Net Serviços, durante o primeiro ano, o canal Globosat HD será cedido aos assinantes da Net Digital HD gratuitamente e posteriormente os custos serão estudados.
Fernando Magalhães, diretor de programação da Net, declarou que em breve estarão oferecendo outros canais em alta definição. "A Net negocia com todos os canais que tem conteúdo em HD, mas para isso dependemos de uma escala mínima de assinantes. À medida que tivermos maior volume, teremos mais canais no Brasil", finaliza.
A TV Digital como ficção científica
Marcus Vinicius Batista
A partir de 2 de dezembro, as transmissões de TV – pelo menos em São Paulo – deixam de ser analógicas e ganham caráter digital. As principais emissoras do país veiculam há dois meses, durante a programação, filmes de 30 segundos com objetivo de explicar, além de valorizar, é claro, a mudança tecnológica na principal mídia do planeta.
No entanto, as mudanças – a curto prazo – praticamente inexistem. A TV Digital ainda será um privilégio para poucos cidadãos (o mais apropriado seria consumidores) por uma série de fatores que envolvem as emissoras, os profissionais e, principalmente, os espectadores.
Em primeiro lugar, a chegada de uma nova tecnologia, em termos históricos, jamais exclui ou elimina as anteriores. É inerente uma fase de transição. O modelo tecnológico atual e os formatos de programação permanecerão por mais alguns anos. A convivência com o novo será pacífica e a despedida dos mais antigos, gradual e sem data fixa. Algumas mídias se aperfeiçoam e garantem sobrevida, como o livro e a revista. O primeiro sobrevive há mais de 650 anos, enquanto a segunda há mais de meio milênio, se descontarmos as variações de linguagem e de estética.
A relação com os espectadores também encara alterações em ritmo lento. Basta pensarmos que, no Brasil, apenas 30 milhões de pessoas – portanto, menos de 20% da população – têm acesso à Internet, mídia presente no país há 15 anos. A TV a cabo, dentro dos lares brasileiros no mesmo período, abrange a metade deste contingente, restrito às cidades grandes e médias.
A mudança tecnológica necessita da criação e do fomento de novos hábitos de consumo. É evidente que, a partir da estabilização do real, na metade dos anos 90, ficou mais fácil para os consumidores comprarem televisores e outros equipamentos eletroeletrônicos. Com a transmissão digital, a questão não é apenas o aparelho conversor. Oito em cada dez televisores brasileiros têm 20 polegadas ou menos, o que não garantiria – segundo os especialistas da área – um acréscimo na qualidade de áudio e de imagem.
O aparelho conversor, aliás, sairá mais caro do que o previsto. Um ano atrás, o Governo Federal falava em US$ 100 o preço do equipamento, o que daria hoje cerca de R$ 200. O mercado, que deverá regular os valores, cedeu às especulações nos meses seguintes. O conversor chegaria a custar R$ 800. Hoje, fala-se – inclusive o Ministério das Comunicações – em R$ 500, preço acima do que a maioria dos brasileiros pode pagar.
A presença da TV Digital afetará o modo de produção de conteúdos, o que inclui a linguagem. Como ficará a publicidade, cada vez mais ignorada nos intervalos comerciais e migrante para dentro dos programas? O jornalismo e o entretenimento? Ambos vão caminhar rumo à segmentação? Os conteúdos serão confeccionados por produtoras independentes? A Rede Globo, a maior do país, produz 95% da própria programação. Este índice já foi de 98%. Por outro lado, na TV a cabo, boa parte do que se assiste é feito por independentes ou adquirido de empresas estrangeiras. A emissora, há três meses, anunciou a extensão de contrato com a Playboy TV, ampliando de dois para sete os canais de programação erótica no sistema fechado.
A resposta é que ninguém sabe como ficará a programação. No máximo, perspectivas com base no passado ou exercícios baratos de futurologia. Até porque outro instrumento tecnológico integra o cenário: os celulares. Uma das vantagens do modelo japonês de transmissão é a portabilidade, ou seja, a capacidade de acompanhar a programação, com pouca perda de qualidade, em equipamentos móveis e de pequeno tamanho. As empresas de telefonia já perceberam este mercado e investem em equipamentos e gerenciamento de conteúdos.
O Brasil possui mais de cem milhões de assinantes de telefonia móvel, o maior índice da América Latina. Na outra face da moeda, é o país da mesma região com os serviços mais caros. É claro que a maioria dos aparelhos também precisa ser trocada, pois faz pouco além de emitir e receber chamadas. Aliás, a maioria dos assinantes utiliza serviços pré-pagos, o que afeta o consumo de conteúdos. Segundo o Ministério das Comunicações, o usuário nada pagará pelos programas assistidos em telefones móveis, porém as empresas de telefonia estudam mecanismos – desde publicidade até acesso a informações exclusivas – para laçar o consumidor pelas beiradas.
A imprevisibilidade da TV Digital ainda se sustenta na velocidade com que os equipamentos são modernizados. O sistema de consumo, quando unido à tecnologia, brinca com os preços, porém exige trocas sucessivas de aparelhos, visando atender aos novos modos de difundir informações, além de fomentar valores simbólicos como status e pertencimento social. Coitados daqueles que ainda pagam as 20 parcelas daquela TV LCD, diante da Oled TV, modelo produzido por uma marca japonesa, cuja tela tem três milímetros de espessura (um folha grossa de papel) com custo reduzido à metade das antecessoras.
O fato é que o prazo de dez anos para adequação à televisão digital dificilmente será cumprido. O país, de dimensões continentais, convive com um perfil de desigualdade social que gera disparidades tecnológicas. Trata-se de uma sociedade que ainda luta pela inclusão digital, consome cerca de 7,5 milhões de jornais por dia (só a maior publicação japonesa vende um terço disso) e dispõe de meia dúzia de canais abertos de televisão, com formatos, estética e linguagem parecidos.
Por enquanto, a TV Digital será privilégio para aqueles que possuem maior poder aquisitivo e que residem no Estado mais rico do país. É o contraste com o Brasil, no extremo norte, que vê apenas dois canais num aparelho em preto e branco e ouve rádio em espanhol, permeado por ritmos musicais colombianos.
A difusão tecnológica, quando aliada ao consumismo, carrega em si – paradoxalmente – o poder de incluir e de excluir indivíduos da informação, do conhecimento e do entretenimento. Para os que podem pagar, o futuro é agora. Para a maioria, peça de ficção científica.sábado, 24 de novembro de 2007
Facebook: a nova onda da rede
Por Larissa Coldibeli Fonte: Guia da semana
Impossível não reparar na evolução do Orkut de uns tempos pra cá. O álbum passou a ter número ilimitado de fotos, é possível inserir vídeos, mandar scraps animados, ver as últimas atualizações dos seus contatos, restringir algumas informações apenas aos seus amigos, entre outras. Todas as essas mudanças foram feitas para competir com um site de relacionamentos que está bombando nos Estados Unidos: o Facebook.
Se este nome é desconhecido para você, não se desespere. Os internautas brasileiros não são muito bem-vindos por causa da invasão desenfreada que promoveram no Orkut, por isso, a página não está disponível em português. Mas quem manja um pouco de inglês e tem amigos fora do país já se encantou com o Facebook graças aos seus milhares de recursos.
A facilidade de navegação já começa pelo visual, que é bem mais clean. Assim como no Myspace, o perfil pode ser customizado pelo usuário, adicionando ou removendo campos e alterando sua posição. Entre os sites de redes sociais, o Facebook é o mais avançado, pois permite aos usuários controlar de forma global ou detalhada cada parte de seu perfil, permitindo ou bloqueando o acesso as suas informações. Assim, evita surpresas desagradáveis comuns no Orkut, como spams e perfis clonados. Mas, se você tiver um desafeto declarado, é só bloquear o indivíduo, assim, ele nunca terá acesso a sua página.
Visão geral de um perfil
No Facebook, você pode inserir quantos vídeos quiser em praticamente todos os formatos, e não só do Youtube ou Google Vídeo, como exige o Orkut. Também não há limites de fotos, que podem ser organizadas em vários álbuns e o upload é muito mais simples: em vez de transferir as fotos uma a uma, na ordem em que deseja, dá para carregar todas de uma vez. Para mudar a posição, basta arrastar e soltar com o mouse. Fotos tiradas do celular podem ser mandadas direto para o site.
Os álbuns podem ser compartilhados nos perfis dos amigos e personalizados com ferramentas com Slideshow e Photobucket. Você ainda pode colocar tags sobre as pessoas que aparecem na foto e, ao passar o mouse, ser direcionado para seus respectivos perfis.
Outra ferramenta é o Poke, que pode ser traduzido como cutucar. É uma notificação para quando você não tem nada a dizer, mas quer perturbar ou mostrar ao seu amigo que lembrou dele. Você também pode presenteá-lo virtualmente com imagens de um presente que gostaria de dar. Para evitar que o recurso vire spam, as imagens custam um dólar. Você também pode homenagear aquele amigo do peito criando o histórico da amizade, contando como, onde e como se conheceram, coisas que fizeram juntos, etc. Esse histórico deve ter a aprovação dos dois e ambos podem editá-lo.
Lista de grupos
Já o Marketplace funciona como os classificados. Você pode adicionar fotos dos artigos que está vendendo, ver os produtos de seus amigos e buscar em outras redes, além de fazer uma lista de coisas que deseja comprar. Há desde carros a figurinhas. É melhor negócio do que sites como o Mercado Livre, pois os anúncios são gratuitos e tratados de forma mais pessoal.
Diferente das comunidades do Orkut, que no Facebook correspondem aos grupos, você pode fazer parte de redes restritas de contatos. Para fazer parte da rede do seu trabalho ou faculdade, por exemplo, deve provar que faz parte dela com um e-mail corporativo ou o registro acadêmico.
As ferramentas citadas acima já seriam motivo suficiente para trocar o Orkut pelo Facebook, mas o melhor para quem curte tecnologia e passar horas online são os aplicativos. Você não precisa ficar trocando vários scraps para conversar com os seus amigos, no Facebook há mais de 40 aplicativos que disponibilizam chat no seu perfil. Outras ferramentas de interação também não ficam para trás, como a My Questions, onde você coloca uma pergunta na sua página para que seus amigos respondam.
Existem desde ferramentas para quem quer pedir dinheiro emprestado até a agenda do candidato a presidência dos Estados Unidos Obama Barack. Você mesmo pode criar uma ferramenta e disponibilizar para usuários do Facebook, mas precisa ter algum conhecimento de linguagem de programação.
Até o mês passado, o Facebook registrava 43 milhões de cadastros ativos e a expectativa é que ultrapasse os 60 milhões até o fim do ano. Nada mal para um site que foi criado por um universitário e lançado há apenas três anos. A idéia brilhante partiu de Mark Zuckerberg, estudante da universidade de Harvard. Inicialmente, a rede conectava apenas os universitários da instituição e, aos poucos, foi sendo liberada para outras universidades que se cadastravam. Até que, em setembro de 2006, quando já era febre entre os jovens, foi aberto a todos que possuíam endereço de e-mail. E, ao que tudo indica, Zuckerberg vai superar os jovens empresários do Google não só na tecnologia, mas também na conta bancária.
O "cala a boca" do Rei
Todo menino passou por isso ao menos uma vez: Ter de encarar um valentão na escola. Todo mundo já foi para o recreio passando por uma odisséia mental, e a nada metafórica górgona que o aguardava era um moleque mais velho e mais forte, espancador de menores e ladrão de merenda. Todos conhecem o tipo. E todos evitavam cruzar com ele, claro. Quanto maior a distância, menor o problema. Mas alguns usavam uma tática oposta; viviam puxando o saco do sádico mirim. Eram os baba-ovos de plantão, que compravam a simpatia dele com as adulações. Quando o valentão escolhia um deles pra extravasar sua violência natural, a saída do puxa-saco agredido era fingir que tudo não passava de uma brincadeirinha do amigão. Diminuía o tempo de surra e salvava as aparências. Assim o puxa-saco continuava amiguinho do covardão e tentava fazer com que os outros acreditassem que era apenas uma travessura. E afinal, quase nem tinha doído, gente.
Semana passada Lula riu de Hugo Chávez quando foi chamado de sheick da Amazônia e de magnata do petróleo, entre outras graves ofensas. Tudo televisionado. O riso nervoso, forçado, demonstrava claramente que Lulla tinha medo. Lulla morre de medo de Chávez, o valentão boquirroto. Lula fez o papel de amiguinho para apanhar menos.
Lulla foi ironizado, espezinhado, humilhado pelo psicopata Hugo Chávez, na Cúpula Ibero-Americana, ocorrida no Chile. Riu, nervoso, quase histérico, para disfarçar a humilhação mundial que passava. Não só ele, mas, aos olhos do mundo, todo o Brasil foi, de novo, agredido verbalmente pelo venezuelano. O mesmo que chamou nosso Congresso de papagaio dos americanos.
O rei da Espanha não comunga com esses pensamentos. Não agiu como Lula, fingindo que era tudo brincadeirinha do amigão do peito. Não foi fraco, não foi pusilânime. Quando o psicopata falou mal da Espanha e do ex-primeiro- ministro José Maria Aznar, chamando-o de fascista, ouviu o merecido cala-boca; rei Juan Carlos, um homem educado, piloto aposentado da Força Aérea espanhola, fidalgo que bem representa seu país, deu seu recado ao ditador. E ao mundo: chega desse imbecil. Algo que não ouviu do presidente brasileiro; Lula perdeu uma excelente chance de mostrar que não somos idiotas, ou ao menos, que não é covarde. Estamos mal. Lula riu (riu!) ao ouvir as ofensas ironicamente dirigidas ao Brasil e à sua triste figura, meu nobre cavaleiro Dom Quixote; digo, Sancho Pança. Moinhos que o digam. Cervantes foi honrado pelo seu rei. Fomos humilhados pelo nosso presidente, mais ainda que pelo falastrão venezuelano. É de chorar; justamente quem deveria, até pela força de seu cargo, defender o Brasil de Chávez, preferiu fingir que a pancada não doeu. Achou melhor assim. Lula só mostra as garras com os menores, como o jornalista americano Larry Rother, que relatou as paixões etílicas do presidente e quase foi deportado pelo "crime". Com os mais parrudos, age diferente; Chegou até a ficar amigo de Fernando Collor, José Sarney e Orestes Quércia, a quem antigamente chamava de ladrões.
Com Evo Morales não foi diferente. O boliviano espoliou e humilhou o Brasil invadindo militarmente a Petrobrás, com transmissão ao vivo pela TV mundial. Lula fez que não era com ele. Como se a pedrada não tivesse atingido suas costas. O rei espanhol provou que tudo tem limite. Fez com Chávez o que Churchill fez a Hitler em 1938: avisou ao mundo o perigo que representa um tirano demente e armado até os dentes. Parece que Juan Carlos teve mais sucesso que o inglês em sua empreitada. O alerta foi ouvido.
A Europa cansou de Chávez. O rei disse o que muitos pensam, mas não falam. O venezuelano odeia a Espanha, um país que enriqueceu à custa de muito trabalho duro. Muito diferente da Venezuela, que empobrece a olhos vistos, não obstante as fortunas arrecadadas com a exportação de petróleo, cujos lucros vão diretamente para o ralo do populismo e da corrida armamentista.
Na escola em que o rei Juan Carlos ministra aulas, Lula ainda está no primário. E Chávez o espera no recreio, para roubar nossa merenda.
Fernando Montes Lopes - Advogado (fermlopes@uol.com.br)
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
TV brasileira chega à pequena tela do celular
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Tem gente no Brasil produzindo programas especificamente para a telinha. Os vídeos ainda são caros e têm curta duração, mas o empenho e a qualidade de produção mostram que, se o controle remoto bobear, pode pedir aposentadoria. Afinal, os aparelhos de TV passarão da sala de estar para o bolso dos telespectadores.
O exemplo mais recente de programa para TV portátil no País é também o mais robusto. A novela Diário de Sofia, que estreou na semana passada distribuída apenas pela rede celular, experimenta linguagens e tem roteiro baseado na interação com o público. Uma adolescente de 16 anos vive seus dramas de colégio e namoro em três episódios semanais. No fim de cada um, usuários de celular escolhem entre dois finais propostos, nos moldes de Você Decide, programa que a TV Globo exibiu entre 1992 e 2000.
Diário de Sofia é, na verdade, um "mobisode", união dos termos "mobile" (celular, em português) e "episode" (capítulo), neologismo criado nos Estados Unidos na divulgação da série 24 Minutos para celulares, inspirada no sucesso televisivo 24 Horas. Funciona assim: usuários se conectam à rede wap da operadora (TIM, Vivo, Claro e Oi) e então acessam o portal de vídeos. Às segundas, quartas e sextas-feiras, novos episódios da novela entram no ar, divididos em quatro vídeos com total de 2 a 3 minutos de duração. O download de cada parte, dependendo do plano e da operadora, custa de R$ 2 a R$ 4, mais o valor pago pelo tráfego de dados. Após baixado, o telespectador pode guardar o vídeo na memória do aparelho e assistir quando quiser.
Mas R$ 10 por um episódio de 2 minutos, quase o preço de um ingresso de cinema em São Paulo, não é caro demais? "Se compararmos com outras mídias, é realmente caro. Mas perto dos demais vídeos distribuídos via wap, como clipes e trailers de filmes, é barato", afirma o diretor-executivo da Aitec Brasil, Luis Ochôa, empresa que produziu a série em 12 dias de filmagens em São Paulo e licenciou a marca Diário de Sofia no País. Antes, a novela já havia sido exibida em Portugal, Estados Unidos, Chile, Canadá, Alemanha e uma série de outros países.
A intenção da novela é seduzir o mesmo número de fãs que conseguiu mundo afora. Para isso, aposta na oferta de conteúdo multiplataforma, com vídeos e um blog na internet (http://www.diariodesofia.com.br), comunidade no Orkut, interação via celular e uma coluna mensal na revista feminina Atrevida. "O público-alvo, formado por adolescentes, só interage com algo se houver o efeito comunidade", diz Ochoa.
Na prática, mais que a adaptação do formato novela para a tela pequena, há por trás uma mudança de foco no que diz respeito a conteúdo para celulares. É olhar os aparelhos como suporte, como a mídia portátil final, caminho diferente do seguido até agora, no qual os equipamentos são vistos como ferramentas de produção por usuários amadores.
Desse jeito vai ficar difícil para o controle remoto, apesar de ele ter uma carta importante na manga. A TV digital estréia no Brasil no dia 2 de dezembro e tem como um dos trunfos oferecer conteúdo para... celular. Sim, a palavra é convergência. As informações são do O Estado de S. Paulo/Link
Site: Yahoo
sábado, 17 de novembro de 2007
Intelectuais comentam perda de espaço da literatura perante o jornalismo
Por Hermano Freitas
Presentes ao I Salão Nacional do Jornalista Escritor, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) de 15 a 18/11 no Memorial da América Latina, em São Paulo, os escritores com carreira no jornalismo Moacyr Scliar e Luis Fernando Verissimo e o cartunista Jaguar conversaram na tarde desta sexta-feira (16/11) com a reportagem do Comunique-se.
Scliar afirma que, a partir de meados do século XIX, a imprensa ocupou o lugar da literatura como forma primordial de as pessoas se informarem e influenciar em seu estilo foi “natural”. “No jornalismo, o leitor está sempre em primeiro lugar, o que não acontece necessariamente na literatura. De repente a ficção passou para segundo plano”, disse o colunista dos jornais Zero Hora e Folha de S. Paulo.
Linguagem jornalística
Ele cita no Brasil os autores Machado de Assis e Lima Barreto como precursores da literatura com as características de linguagem mais seca, econômica e objetiva, próprias do jornalismo, e identifica :“um sinal claro de que a ficção está em baixa é que ninguém mais escreve sob pseudônimo”. “Cada vez mais o leitor deseja saber que o que ele está lendo é verdade”, afirma.
O jornalista e escritor Luis Fernando Verissimo, autor de crônicas e relatos publicados em diversos jornais e revistas, considera os anos 1940 como marco na consolidação da influência do jornalismo na literatura e cita exemplos dos EUA.
“Temos o clássico (Ernest) Hemingway como um dos que inauguraram este estilo com frases mais curtas e o exemplo mais óbvio de Gay Talese e Norman Mailer”, enumera Verissimo. Ele afirma que os livros-reportagem consolidaram de vez o estilo econômico como predominante na literatura. E sentencia: “não sei se a literatura está em decadência, mas certamente a relidade está muito mais inacreditável”.
Cartum e cerveja
O ex-cartunista do Pasquim Sérgio Jaguaribe – mais conhecido como Jaguar – atualmente na revista piauí, declarou estar um pouco constrangido de comparecer ao evento. “Eu não sou nem nunca fui jornalista nem escritor, sou um cartunista que faz charges para sobreviver”, definiu-se, entre um gole e outro de cerveja.
Ele afirma preferir o cartum à charge e explica: “o cartum você pode ler em qualquer contexto histórico e ele será entendido, a charge está condicionada ao momento”. Entre a nova safra de cartunistas brasileiros, destaca André Dahmer: “é um dos textos mais geniais de sua geração”.
Jaguar concorda com seu amigo Verissimo: “não culpo quem prefere jornalismo a literatura: a realidade está muito mais maluca que a mais maluca das ficções”.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
O poder da interatividade
Um circo chamado "O Teatro Mágico"
Por Gustavo Miller
Rio, 14 (AE) - Em um Circo Voador lotado - e muito parecido com um, veja só, circo -,vários adolescentes com rostos pintados e narizes de palhaço assistiam à banda Megarex, que costuma abrir aos shows de O Teatro Mágico. Ao terminar sua apresentação, o vocalista do grupo aproveita para fazer um pequeno merchandising. "Então... Para quem gostou da gente e quiser escutar mais o nosso som, nosso CD está à venda ali na barraquinha ao fundo. É baratinho."
A platéia não reage. "Ou vocês podem entrar no nosso site www.megarex.net e fazer o download do disco todo e não pagar nada", termina o cantor. Ah, aí sim. O público aplaude, pula e dá uns berros. Não adianta: com os fãs de O Teatro Mágico, é assim que se fala.
Prestes a completar quatro anos de estrada, o grupo de Osasco é um fenômeno de mídia. Suas apresentações são quase sempre lotadas por jovens que cantam de cor e salteado as letras das músicas e até repetem as coreografias circenses executadas no palco. Ver isso ao vivo já é impressionante, mas maluco mesmo é saber que a banda (trupe, como eles preferem) liderada por Fernando Anitelli é 100% independente.
É sério. A estrutura por trás do projeto realmente lembra o espírito coletivo do circo, em que o cara que vende pipoca na entrada depois assume o trapézio e a tia que vende churros na platéia mais tarde acaba virando a assistente do mágico.
Com eles, é a irmã de Anitelli quem agencia a banda. O seu pai é quem prensa os CDs em casa, faz as capinhas e depois fica na barraquinha vendendo-os por R$ 5 antes de o show começar. Já o seu irmão cuida da logística do comércio. "Vendemos 65 mil cópias desse jeito. Mas se você não pode comprar, é só entrar no nosso site e baixar tudo. Eu não quero fazer dinheiro com vendagem de CDs. Isso nunca aconteceu com o músico brasileiro, pois a gravadora sempre tomou tudo", diz.
O discurso de Anitelli é porrada e talvez por isso que o projeto criado por ele, que mistura música, poesia e circo, faz tanto sucesso com o jovem brasileiro, principalmente aquele com acesso à internet. "O nosso som pegou entre os internautas porque a web é uma mídia livre. Lá você pode agregar, compartilhar... Tudo que é nosso está de graça na rede", diz.
Está mesmo. Além de abastecer muito o seu site www.oteatromagico.mus.br (há um blog, podcast e até uma TV Online, o TMTV), a trupe incentiva os fãs a gravarem os shows ou criarem programas para exibirem na página. O volume de informação é tanto que no YouTube há quase 2 mil vídeos deles, e o site tem 120 mil acessos diários.
"O jovem gosta desse lado de debater, dessa ousadia de quebrar o monopólio da comunicação e saber que a gente pode juntar forças e mudar muita coisa. A TMTV é justamente a nossa MTV, mas sem nenhum filtro. Fez algo interessante? Manda que a gente passa", diz.
"Só fizemos dois clipes para serem vistos no YouTube. O resto é material de fã. Quer dizer, na verdade a gente nem sente que essas pessoas são fãs, mas integrantes, pois entenderam o propósito de nosso projeto, que é facilitar o acesso à cultura. E nisso a internet ajuda muito."
Acostumado a lotar suas apresentações nas regiões Sul e Sudeste do País, o Teatro Mágico testou seu poder de fogo recentemente, indo para o Nordeste. Muitos dos lugares visitados eram cidades que nem conexão à internet possuíam. Mesmo assim, para variar, os shows estavam abarrotados de fãs vestidos de palhaços.
"Quem tinha internet em casa nesses lugares baixava o nosso CD, gravava cópias e depois as distribuía para os amigos", comenta Anitelli. Opa, mas isso não é pirataria? "Não, porque ninguém ali está revendendo o trabalho. Quem nunca teve uma fita cassete escrita ‘Lentas’ ou ‘Rock’, que foi gravada por alguém?", argumenta.
Por ter justamente esse pensamento, Anitelli diz já ter recusado a oferta de cinco gravadoras multinacionais e três selos nacionais. "Ninguém conseguiu chegar próximo de aceitar o que estamos fazendo, de deixar todo o trabalho ser divulgado de graça na internet", fala. Graças a essa postura de "liberou geral", o Teatro Mágico já passou por algumas saias justas.
Recentemente, a trupe chegou a ser multada pelo Ecad, órgão brasileiro responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das obras musicais. A multa foi por eles terem tocado suas próprias músicas, e em seu próprio show!
"Fomos avisados que precisamos enviar uma carta ao órgão e dizer quais canções vamos tocar, mesmo elas sendo registradas como minhas", diz. "Isso assegura os meus direitos? O Ecad foi criado na época da ditadura para o povo saber o que, onde e como você está tocando", reclama.
E qual seria a solução ideal para isso? Anitelli diz ser partidário da lei do Creative Commons, em que você registra a sua obra na web e qualquer um pode usá-la depois, até modificando-a. A única exigência é dar o devido crédito ao criador.
Para aumentar o seu poder de fogo, o Teatro Mágico vem juntando forças com outras bandas do cenário independente, com o intuito de divulgar essa tal cultura livre (a trupe realiza várias palestras sobre o tema). Entre os parceiros estão muitos artistas do Nordeste, como Silvério Pessoa, Cabruêra e Móveis Coloniais de Acaju.
"Um músico sozinho não chega a lugar nenhum, mas uma porção de gente fazendo esse movimento na internet mostra a força que temos. Nosso caminho é compartilhar o trabalho, não apenas exibir", explica. "O povo espera do artista a contestação, o debate, o novo. É isso que estamos tentando, não ficando parados e produzindo sempre. O artista no Brasil não é valorizado como deve ser. Ele é tratado como um mero produtor de entretenimento."
Movimento dos Sem Mídia protesta em frente à Globo SP
Finalmente, estamos na véspera da manifestação diante da sede das Organizações Globo em São Paulo. O ato foi anunciado neste blog e em vários outros espaços na internet durante quase um mês. O Movimento dos Sem-Mídia explicou as razões que fundamentam sua existência e seus atos em dezenas e dezenas de textos. Fiz o mesmo em cerca de duas dezenas de entrevistas que concedi a veículos da imprensa "alternativa". Agora, meu amigos, é com vocês que vivem em São Paulo ou nas cercanias. O que precisamos, mais do que retórica, é de atitudes. E comparecer ao ato de protesto diante do veículo de mídia mais questionado do país, é a atitude mais firme que você já teve oportunidade de tomar. Aproveitá-la ou não depende só de você. Eu fiz minha parte.
Quem quiser transformar essa indignação que tantos vivem manifestando em e-mails, blogs e em conversas particulares em atitude real, deve comparecer amanhã (sábado, 10 de novembro) diante da sede da Globo em São Paulo PONTUALMENTE às 10 horas da manhã. O endereço é avenida Chucri Zaidan, nº 46. Essa avenida é continuação da engenheiro Luis Carlos Berrini, depois que cruza a avenida Jornalista Roberto Marinho. A estação Morumbi da CPTM é próxima dali. É perto do bairro do Brooklin, vamos dizer para quem não conhece bem.
Também quero fazer algumas recomendações.
O Movimento dos Sem-Mídia não acredita em violência e em insultos. Achamos que a forma civilizada com que nos portamos na nossa 1ª manifestação é a base da grande repercussão que têm tido nossos atos. Esse é o melhor caminho para mostrarmos à sociedade que não somos um bando de radicais descerebrados e sim cidadãos ponderados, lúcidos, que querem que concessões públicas como a da Globo, por exemplo, sejam usadas de forma democrática, contemplando os interesses de toda sociedade e não só de uma pequena parte dela, da parte que concorda com os detentores da concessão. Assim, faixas levadas à manifestação de amanhã precisarão se ater aos princípios que professamos. Também é importante o respeito absoluto ao patrimônio público, privado e ao direito de ir e vir das outras pessoas.
As autoridades já foram avisadas do ato que faremos. Em algumas horas reproduzirei aqui os documentos que um dos advogados do MSM enviou à Prefeitura, às polícias civil e militar e ao Detran.
Também quero sugerir a quem compartilha dos ideais que impulsionam o Movimento dos Sem-Mídia e, principalmente, a quem já o integra como filiado, em suma, a todos os que não poderão vir à manifestação, que "assinem" virtualmente o Manifesto que será postado aqui no blog a partir dos primeiros minutos da madrugada de amanhã, sábado.
Tenho refletido muito sobre tudo isto. Às vezes me pergunto se não é loucura achar que um grupo de homens e mulheres comuns, de classe média, pessoas que têm que lutar diariamente para conseguirem pagar suas contas no fim do mês, poderão sequer fazer cócegas num império como esse diante do qual faremos a manifestação de amanhã. Os Marinho são bilionários. Trata-se de uma das maiores fortunas do mundo. Gente para nos retaliar no lugar deles, jamais faltará. Não só por receber algum "estímulo" deles, mas até sem "estímulo" nenhum, só para bajular.
Muita gente não crê em ideais. Acha impossível que, num mundo onde todos só pensam em lucrar pessoalmente, alguém possa fazer alguma coisa pensando no benefício de todos e, mais do que nesse conceito intangível, no benefício das gerações futuras. No entanto, a história da humanidade guarda fartura de exemplos de homens e mulheres, muitas vezes de populações inteiras, que lutaram - e, algumas vezes, venceram - movidos só pelo idealismo no qual hoje tão poucos acreditam. Mas se não acreditarmos em ideais, teremos que acreditar que este mundo em que vivemos não tem salvação, pois sem ao menos uma centelha de idealismo, o que predominará será o salve-se quem puder e, aí, sobreviverão só os mais fortes. Mas a lei da selva não interessa a civilizados.
Apesar de eu agora falar em nome de uma organização da sociedade civil, tenho que falar sobre o que, como pessoa humana, fiz até aqui. É como uma prestação de contas daquele que aceitou o encargo de presidir o MSM. Até agora, fiz o que pude. Abri mão de muita coisa pelo Movimento dos Sem-Mídia. Troquei meu emprego fixo por outro como autônomo para ter como me dedicar ao MSM. Tenho usado tempo que deveria dedicar ao meu ganha-pão a fim de organizar tudo isto. Mas não estou me queixando, apenas estou dizendo que, aconteça o que acontecer amanhã, comparecendo gente para me acompanhar ou não, vindo centenas, dúzias ou só mais um, farei o ato.
Não aluguei carro de som. Vamos usar o megafone. O MSM não tem recursos. Não sei quantos efetivamente vão cumprir com a ficha de filiação que me enviaram pela internet. Não sei quantos assinarão de fato o compromisso de me acompanhar nessa luta. Só sei que fiz o que achei que deveria fazer. Eu não podia mais continuar fazendo comentários em blogs, enviando e-mails, reclamando, reclamando sem assumir a minha cota de responsabilidade como cidadão. Estou absolutamente seguro de que fiz tudo que estava ao meu alcance para mobilizar a sociedade. Não temo fracassar. Só temo não tentar. E eu tentei.
Muito obrigado a todos pelo apoio.
URL:: http://edu.guim.blog.uol.com.br/index.html
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Aumenta o número de internautas ativos no Brasil
Brasileiros continuam em primeiro lugar em tempo de uso da internet residencial, com 22 horas mensais por pessoa
01/11
O número de internautas ativos cresceu 47% em um ano no Brasil, segundo dados do IBOPE/NetRatings referentes ao mês de setembro de 2007. A quantidade de usuários que navegam mensalmente na internet residencial atingiu 20,1 milhões em setembro de 2007.
Considerando-se todos os ambientes (residências, trabalho e locais públicos gratuitos e pagos) o número total de pessoas com acesso à internet no País chega a 36,9 milhões. Em tempo de uso da internet residencial, os brasileiros continuam à frente dos americanos, com 22 horas mensais por pessoa, contra 18 horas e 54 minutos.
As crianças e os adolescentes de ambos os sexos respondem pela faixa etária que mais têm contribuído para a expansão da internet residencial, com 53%. Os homens com mais de 45 anos tiveram crescimento de 50%. Em intensidade de uso, vêm se destacando as mulheres de 18 a 24 anos, que no período de um ano aumentaram em 25% a quantidade de páginas vistas.
Entre setembro de 2006 e setembro de 2007, as três categorias de maior crescimento percentual foram "Casa e Moda", com 73% de evolução da audiência, "Viagens e Turismo", com 67%, e "Automotivo", com 57%.
Em tempo de navegação por usuário, a categoria "Buscadores, Portais e Comunidades" passou a sustentar a primeira posição. Esse movimento está relacionado ao aumento do tempo online em comunidades.
Hélio Costa garante conversor a no máximo R$ 200
Governo estuda linha de crédito para população comprar o aparelho
07/11
O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse nesta quarta-feira, 7, na Comissão de Defesa do Consumidor, que o aparelho conversor para receber o sinal da TV Digital (Set-top Box) chegará ao consumidor brasileiro a um valor de R$ 150 e ou R$ 200. Costa descartou a possibilidade do aparelho chegar ao mercado por R$ 700, citando o caso de produtos como esse vendidos a US$ 70 no Japão e China. De acordo com o ministro, se o produto entrar pela Zona Franca de Manaus terá isenção de impostos e poderá chegar aos brasileiros por, no máximo, R$ 200.
Além disso, o ministro informou que o governo já disponibilizou uma linha de crédito de R$ 450 milhões para que a indústria eletrônica nacional desenvolva o aparelho, porém disse que até o momento nenhuma solicitou o recurso. Costa destacou que o desafio está lançado e que não entende porque as empresas não querem produzir o Set-top Box.
"Estamos apenas começando a implantação da Tv Digital, é possível que tenhamos esses probleminhas no começo, mas imediatamente após vamos estar solucionando essa questão, até porque tem muita gente já sintonizada com esse problema", avaliou o ministro.
O ministro informou ainda que na próxima segunda-feira, 12, o Fórum da TV Digital irá se reunir para discutir possibilidade de garantir o acesso da população de baixa renda ao sinal digital de televisão que começa a ser transmitido no dia 2 de dezembro na cidade de São Paulo. Entre as propostas está a criação de linhas de crédito nos bancos estatais para aquisição do equipamento.
Entra no ar o OGlobo.mobi
12/11
Concebido pela equipe do jornal O Globo, entra no ar nesta segunda-feira, 12, o OGlobo.mobi (globoon.mobi), site para acesso via celulares. Segundo a empresa, a opção pelo padrão "mobi" deve-se ao fato de a tecnologia resultar de uma evolução em relação à primeira geração de sites WAP. Além de oferecer os principais conteúdos do Globo Online, o endereço permite participação dos usuários. "É um site completo no celular e não apenas uma lista de notícias, como a maioria dos sites WAP", diz Daniel Stycer, gerente de planejamento do Globo Online. O executivo afirma que cerca de 40% dos aparelhos em circulação no Brasil já permitem acesso a sites desenvolvidos no padrão mobi.
A terceira idade na rede
Mulheres e homens com mais de 60 ANOS perdem o MEDO do computador e descobrem na INTERNET um mundo mais alegre e sem LIMITAÇÕES
Você é muito jovem, tem entre 16 e 18 anos. Dona Léa Abreu Faria tem 68, e isso os torna de gerações diferentes e distantes. Você e sua galera, no entanto, têm um ponto em comum com dona Léa e uma infinidade de pessoas da terceira idade: a paixão pela internet. Senhorinha esperta que é, a brasiliense Léa viu nessa tecnologia a chave para uma vida mais alegre e sem fronteiras. “O computador não olha idade”, diz ela. “Através dele eu passeio pelo mundo, faço amigos e não dependo mais dos almoços de domingo para falar com meus netos.” A alegria de dona Léa vem de uma semana para cá, justamente quando aprendeu a usar na internet o programa de bate-papo instantâneo. Dona Léa é, na verdade, apenas um exemplo de uma relação de mão dupla que cresce cada vez mais no País entre a tecnologia e a terceira idade – uma relação de conquistas recíprocas. Segundo o Ibope, cerca de 1,2 milhão de internautas brasileiros estão beirando os 60 anos. Os índices apontam ainda que pessoas aposentadas ficam conectadas, em média, 36 horas por mês. Mais: a terceira idade passa tempo maior no computador, se comparada aos adultos na faixa etária entre os 25 e os 34 anos. A tendência é mundial. Nos EUA, por exemplo, cerca de 90% dos idosos acessam regularmente a internet. Na Alemanha, Japão, Luxemburgo, Bélgica e Holanda mais da metade da população da terceira idade se vale do computador como meio de comunicação. A solidão e os cursos de informática, cada vez mais numerosos e mais didáticos, são responsáveis por essa nova geração da internet.
Segundo o Ibope/NetRatings, o serviço mais acessado por pessoas com mais de 60 anos é o programa de mensagens instantâneas, seguido por um software de telefonia pela rede. Outros favoritos são os sites de bancos e de notícias. “Eles chegam aqui interessados em encurtar a distância com os parentes, e o meio mais fácil são esses programas de conversa online”, diz a empresária Mônica Dytz, que há 20 anos coordena cursos na Dytz Informática, em Brasília. “A procura por esses cursos está crescendo mensalmente quase 60%.” Por que isso? A empresária Mônica responde com a sua experiência: “Tive alunas com depressão profunda que saíram daqui marcando curso de crochê. E por email. A internet devolve o vigor que os anos levaram deles.” No curso da Dytz, pagam-se R$ 200 por 20 horas de aulas. O aluno Leonardo Pereira de Valões, militar que aos 70 anos está na reserva, admite: “O que mais me assustava eram os botões e o mouse, dava a impressão de coisa complicada. Hoje já me acostumei e uso todos os dias para ler meus jornais e revistas.”
A advogada paulista Marisa Capriotti, 66 anos, começou a usar a máquina timidamente – e profissionalmente. “Só fazia minhas petições”, diz ela. Nunca fez curso, foi autodidata. “Hoje tenho até uma página na rede, no programa Orkut, porque assim meus amigos acompanham a minha vida.” O que Marisa mais faz pela internet, no entanto, é enviar flores. “É prático e muito gostoso escolhê-las, elas chegam mais bonitas. Mas quero avisar que gosto de ganhar flores também através da rede.”
Se no começo da relação com o computador até os botões podem assustar, como foi o caso do militar da reserva Leonardo, o certo é que o digita-daquidigita- de-lá vai dando desenvoltura e ao longo do tempo muitas pessoas passam a procurar até uma cara-metade pelo computador. O portal Mais de 50 (www.maisde50.com.br), que se volta quase exclusivamente à terceira idade, existe há sete anos e conta com 95 mil idosos brasileiros cadastrados. Ao navegar pelas páginas é possível encontrar a ficha técnica, com fotos e preferências de cada um, o suficiente para começar uma paquerinha. Esse é o caso de Ana Lucia Negrini, 63 anos, e Godoy Saint Mello, 64, que se casaram após trocarem algumas mensagens. “Encontrar um amor pela internet é possível, mas é preciso tomar cuidado e freqüentar sites confiáveis com tradição no mercado. O idoso já viveu quase tudo em vida e não quer perder tempo com trotes e molecagens.”
sábado, 10 de novembro de 2007
O futuro do jornalsimo
O que se pode pensar quanto ao modelo de jornalismo no futuro? Não são poucos os que, a tal questão, destinam reflexões. Diria que o tema é tão instigante quanto a margem de risco das previsões. Por outro lado, quem olha para frente sabe que, nada vendo, pois o futuro é o ainda será construído, tem o desafio de, na paisagem ausente, inserir algo cujo tempo, depois, confirmará ou não. Pensar, portanto, sobre o futuro implica aceitar, a priori, o risco.
A melhor maneira de diminuir o insucesso do olhar prospectivo é tentar, ao máximo, ater-se ao correto reconhecimento dos sinais já inscritos na realidade presente. O primeiro deles dá conta de que, em âmbito mundial, a circulação de jornais diários decai. Para esse fato, não há muito o que especular: o surgimento de outras opções oriundas das novas tecnologias da informação, afora as anteriores (rádio e televisão), gerou expansão de concorrência.
Em tempos de "infotela"
O impacto das novas ofertas sobre a vitalidade do jornal se deve(u), acima de tudo, por certo equívoco que, há algumas décadas, o jornalismo cometeu: investir na informação, em detrimento do conteúdo. A fórmula satisfez num primeiro momento em que a concorrência era menor: ainda inexistia a informação on-line. No que esta, entretanto, se tornou presença no cotidiano de milhares de pessoas, o formato do "papel-informação" se enfraqueceu ante a "infotela", rápida, caseira e gratuita, principalmente em tempos de "banda larga". É claro que os dois modelos, por algum tempo, ainda haverão de disputar "fatias" de consumidores. Todavia, é inevitável que, para frente, gerações já educadas por estímulos audiovisuais se inclinem, naturalmente, para a procura de informações em telas e não mais em páginas.
A única solução a ser trilhada pelo jornalismo impresso será a de enveredar pelo caminho do conhecimento. Por outro lado, não é tarefa das mais fáceis preencher páginas e páginas (e mais cadernos), diariamente, com matérias propiciadoras de conhecimento. Quem sabe, então, surja a idéia de jornais, a exemplo do que já foram no passado, em lugar de diários, se tornarem semanários, ou edições em dias alternados, como três edições semanais.
Enfim, o que se pontua, no limite deste modesto exercício especulativo, é a imperiosa determinação de o jornalismo impresso passar por uma "reinvenção". O jornalista do futuro terá de se indagar quanto ao papel a ser por ele desempenhado. Em igual condição, já está a figura do professor, bem como a do médico. As tecnologias de informação, conteúdos e diagnósticos, para bem e para mal, são parte da realidade concreta atual e, a despeito das deformações geradas, elas vieram para ficar. Outras mais somar-se-ão.
A tecnologia não anda para trás. Também não dá passo recuado o tempo da história. Deste modo, é infantil qualquer tentativa de confronto. Trata-se de uma guerra que, antes de ser deflagrada, tem vencedor assegurado. A questão reside, pois, em evitar-se a perda maior. Como se sabe, a tecnologia, em si, não tem a noção de ética. A tecnologia propõe; o usuário dispõe. A tecnologia é potência; o indivíduo é ato. No reconhecimento devido quanto ao papel a ser exercido por cada agente, a decisão é a do operante humano. É ele que, por seu ato, demonstra a face radiante (ou terrível) do que é mera potência.
Emancipação do jornalismo impresso
Se alguma eficácia crítica tem o pensamento prospectivo, proposto em parágrafos anteriores, cabe definição no tocante ao futuro desempenho do jornalismo impresso. Nesse caso, o jornal terá de ser capaz de oferecer ao leitor aquilo que ele não seja capaz de encontrar em nenhuma outra "ferramenta" de uso continuado. Esta situação-limite representará uma nova etapa de emancipação do jornalismo impresso. Para tanto, haverá de se redefinirem o perfil e a formação do atual profissional de comunicação, com a devida conseqüência nas grades curriculares dos atuais cursos. A cena do futuro exigirá profissional com apuro intelectual e desenvoltura em línguas. O que for "recrutado" para operar informações em mídias eletrônicas será aquele menos sofisticado intelectualmente e mais eficiente em "tecnicalidades", obviamente, com salário menor. Em contrapartida, será contratado para jornais impressos os que demonstrarem maior suporte de conhecimento.
A rede do capital já sabe, há muito tempo, que quem se forma à base de máquinas é muito menos criativo e incômodo do que aquele que forjou seu saber em obras de densidade. Não é menos verdade também que a rede do capital precisa dos dois, seja no varejo, seja no atacado. A rede fatura com os dois. Os dois, porém, apenas poderão faturar com um. Quem apostar na duplicidade do ganho perderá em ambos. O que se desenha, aqui, é um futuro com prefigurações invertidas, ou seja, o mundo das "infotelas" será entretenimento para as massas, enquanto a realidade das "logopáginas" será destinada a segmentos seletivos.
A "(in)cultura de massas"
O fosso do futuro poderá ser o oposto do que hoje parece o contrário. Hoje, os mais instruídos e, economicamente, ativos estão na "rede", contra o expressivo contingente de excluídos. No futuro, dar-se-á o inverso, a exemplo do abismo que se verificou na Idade Média: o saber atrás das muralhas. A "alegria ingênua", fora delas. Alguém retrucará: o vigor da era renascentista pôs abaixo as muralhas. Sim, é verdade. Passado o primeiro estágio, eis que o quadro se redefiniu em outros formatos. Adiante, a sociedade de massa demonstrou que a fórmula anterior poderia ser reeditada. Foi necessário quase um século para se caracterizar a "(in)cultura de massas".
O jornalismo do futuro terá de aprender que não há absorção de conhecimento, sem a contaminação do "espanto". O problema do jornalismo atual é o fato de ele confundir "espanto" com "sensacionalismo". No futuro, o jornalismo saberá que a "sensação" é tão instantânea quanto fugaz. O "espanto" (do qual surgiu o pensamento filosófico) é impactante e transformador. O leitor do futuro não quererá o segundo, mas perseguirá o primeiro. O segundo será devorado, com avidez, pelo "vedor".
O desafio do jornalismo impresso, resguardado algum grau de equívoco, será o de apostar na análise, na interpretação, na criticidade e na contextualização. Para tanto, precisará da cumplicidade entre cérebros e temporalidade. A TV já ensinou: tudo que é diário não se sustenta pela qualidade. A diferença está no fato de que a TV põe a imagem gratuitamente em todas as casas e a qualquer hora. O jornal, não. Cada um escolhe e, por ele, paga, ainda que seja um preço barato. Esperemos, pois, o futuro.
Sobre controle
Um cidadão comum, fonoaudiólogo, neurótico e estressado como todos os demais urbanóides que experimentam a provação de viver numa metrópole brasileira atual, é colhido num teste profissional de uma operadora de telemarketing. Ela quer deixar de ser "passiva", atendendo apenas a pedidos, reclamações e insultos, para tornar-se "ativa", vendedora de serviços e benesses a clientes que, em geral, não precisam deles nem os querem. E liga aleatoriamente para o telefone dele, para demonstrar à chefe que merece a promoção.
Por circunstâncias típicas desse tipo de contato social, há um desentendimento entre os dois e a moça é reprovada no teste, já que não apenas não vende nada como ainda irrita o cliente. Em vingança, ela decide apagar os registros do fonoaudiólogo em todos os cadastros a que tem acesso (e são muitos): bancários, previdenciários, de empresas telefônicas, etc. Com a maior facilidade, simplesmente "apaga" a existência civil do indivíduo, cuja identidade não é mais reconhecida por computador algum, de qualquer serviço público ou privado a que recorra.
Desesperado, o fonoaudiólogo luta para provar que não evaporou do mundo dos vivos e descobre que existe um movimento de resistência, um grupo de guerrilha, que combate arbitrariedades eletrônicas e informáticas de todo tipo. Isso inclui as cada vez mais onipresentes câmeras de vigilância, às quais desabridas guerrilheiras não perdem oportunidade de exibir os seios, num ato de repúdio e transgressão. Unida a esse grupo, a nossa vítima, antes apalermada, agora está próxima de se tornar herói numa insólita luta de libertação, bem sugestiva do espírito dos tempos que correm.
Experimento ousado
Em linhas gerais – ou melhor, em poucos bits – esse é o argumento central da nova série O Sistema, que a TV Globo estreou na semana passada. Concebida pelo trio José Lavigne, Alexandre Machado e Fernanda Young, a série é um experimento ousado de linguagem, que não paga qualquer tributo à teledramaturgia rastaqüera das novelas nem às minisséries, só um pouco mais ambiciosas. Bebe nas águas do cinema de vanguarda (do Matrix americano ao Cheiro do Ralo brasileirinho), dos quadrinhos autorais, da literatura contemporânea mais radical. E oferece um produto de difícil digestão para as platéias imbecilizadas pelo lixo cultural do mainstream da mídia, mas de humor refinado e prazeroso para aquela meia dúzia de telespectadores teimosos, que se obstinam em pensar em vez de entorpecer a mente, quando vêem as luzes piscando na telinha.
O que interessa no novo produto global, entretanto, é menos ele do que o debate conceitual que propõe. Sua contribuição está em recolocar a idéia de um "sistema" como ente abstrato e absoluto, mecanismo de controle social onipotente e inescapável, ao qual todos os indivíduos estão inapelavelmente submetidos, e que só pode ser combatido – quando alguém se dá o trabalho – pela violência revolucionária, posto que não há nada a fazer pelos caminhos institucionais.
É uma idéia cara à ficção, não apenas a nacional nem a contemporânea, talvez porque permita aos criadores um certo grau de análise política e de contundência crítica, sem ultrapassar os limites de suscetibilidade da indústria da cultura e do entretenimento, que lhes paga as contas. Se o sistema não tem rosto nem nome, pode-se bater nele à vontade e ainda ganhar dinheiro, nos meios de comunicação que justamente informam, conformam e sustentam a lógica perversa desse mesmo sistema.
Superação das metáforas do totalitarismo
O sistema como construção sobre-humana, monstro desgarrado do controle dos cidadãos comuns e preso a uma lógica interna, realimentada automática e autonomamente, já foi traçado com maestria pela alta literatura, de O Processo de Franz Kafka ao 1984 de George Orwell. Mas funcionava como metáfora do totalitarismo, flagelo político real da época em que as duas obras foram escritas.
Com a superação histórica desse perigo e o concomitante desenvolvimento dos meios de difusão cultural, a noção de sistema foi ganhando contornos mais difusos, menos ideológicos, sobretudo depois que o termo passou a ser um dos pilares da "novilíngua" da informática. Daí a sua ampla disseminação nos produtos culturais mais variados, muitos dos quais avessos a qualquer preocupação política efetiva.
Estamos fartos de ver bravos policiais norte-americanos tentando enfrentar os piores criminosos, com a oposição permanente do "sistema". Nos filmes de Hollywood, sempre há alguma maquinação superior, tramada em esferas inatingíveis, para proteger os mandantes e financiadores do crime, e seus aliados na justiça, na política e na própria segurança pública. O Bruce Willis de Duro de Matar, por exemplo, não teria se criado, não fosse o "sistema" a desafiá-lo em sua incorrigível rebeldia. Tiros e pancadas sobram para todo lado, algumas cabeças rolam, mas a máquina monstruosa jamais é desmontada de fato.
Transportando o tema para o Brasil, temos neste momento o sucesso retumbante de Tropa de Elite, no qual o protagonista capitão Nascimento agonia-se com a falta de saídas do jogo kakfiano em que foi aprisionado, culpando exatamente quem? O "sistema". Desfilam no filme todos os responsáveis pela tragédia social brasileira, mas no julgamento do próprio capitão – para não falar de incontáveis observadores externos – mesmo eles são, de alguma forma, vítimas da situação. Culpado mesmo é o "sistema". Sempre aquele ente abstrato, avassalador, super-poderoso, que nem vale a pena combater porque jamais será desmontado.
Graça no sistema indefinível
No seriado global, o humor está em pintar o absurdo desse "sistema" e a tentativa anárquica, alucinada, de denunciá-lo e combatê-lo. É nisso que reside a graça dos personagens e de suas ações. Mas não parece provável que, nos próximos capítulos, os elementos constitutivos do sistema opressor sobre o cidadão brasileiro – a ganância empresarial, o desprezo aos direitos sociais e individuais, a incompetência do Estado, a irresponsabilidade dos gestores públicos, a mediocridade e a manipulação da mídia etc – serão esmiuçados criticamente, para revelar ao espectador onde, afinal, ele se apóia. Até para a funcionalidade da narrativa humorística, convém que o "sistema" siga abstrato e indefinível, porque assim incomoda menos e pode até ser engraçado.
A situação vivida pelo fonoaudiólogo de O Sistema só é possível num Brasil em que as empresas têm mais direitos que os cidadãos, em que a pessoa humana só tem status se pode consumir, em que o Estado não regula a vida social e sim atende aos interesses da "elite" dominante. Num Brasil que tem leis que "pegam" ou "não pegam", que são respeitadas apenas por quem não pode pagar pela inobservância delas, que faz da luta por direitos mínimos uma tarefa de Brancaleones estóicos. Seria fácil identificar os grandes responsáveis por esse estado de coisas, e as formas de mudá-las. Mas não vale muito a pena, sobretudo se o que estamos fazendo é apenas... televisão.
"Antigamente, a gente lutava para derrubar o sistema. Agora, ele cai uns minutinhos e a gente fica desesperado." A piada corrente expressa mais do que a mudança de perspectivas, do mundo em revolução nos anos 1960 para a globalização conservadora da atualidade. Expressa resignação e cansaço, por um estado de coisas paradoxal, que a cada dia nos oprime mais, enquanto nos seduz e anestesia. Se é tão difícil mudá-lo, que ao menos seja possível rir dele.
domingo, 28 de outubro de 2007
Blog é coisa série
O blog é diferente de um website tradicional. Ele não tem a seriedade de um site, que geralmente foi criado para algum fim específico, seja para divulgação, transação comercial, institucional etc.
Não se sabe exatamente quando os blogs deixaram de ser considerados “mais uma futilidade dos tempos modernos” para serem uma eficiente ferramenta de informação. Não há registro da data exata de quando esses diários pessoais surgiram, mas especula-se que o primeiro endereço na Internet com conteúdo similar aos webblogs que conhecemos hoje apareceu em 1983.
Essa página não era uma versão online do diário de seu criador, Brian E. Redman, mas sim um espaço na rede para ele, juntamente com outros amigos, postarem links que levavam a outros sites
Do diário a teses acadêmicas
Entre os anos de 1994 a 2001, os blogs eram basicamente páginas pessoais sem nenhum compromisso de conteúdo. Eles estavam restritos basicamente aos internautas interessados em usar aqueles espaços para falar de suas vidas. Mas, com a expansão de acesso à banda larga em todas as partes do mundo, os blogs tornaram-se mais um meio de notícia e espaço para a discussão de todo ou qualquer tema.
Tim O´Reilly, considerado um dos autores que mais publicam livros sobre computação do mundo e criador do termo “Web 2.0” para designar a Internet interativa, considera que blogs são a evolução das antigas páginas pessoais.
Os interessados em uma análise mais profunda do assunto encontram uma infinidade de livros sobre o tema. Dan Burstein e David Kline são autores do livro “Blog! – Como a nova revolução da mídia está mudando a política, os negócios e a cultura” (sem tradução para o português), baseado em coletânea de textos, entrevistas, comentários relacionados ao assunto.
No mercado editorial nacional, é possível encontrar o título “Blog – entenda a revolução que vai mudar o seu mundo”, de Hugh Hewitt, que considera a blogosfera, ou conjunto de todos os blogs do mundo, um fenônemo repentino que está alterando os hábitos das pessoas no acesso à informação. Teses acadêmicas que exploram o assunto são inúmeras, principalmente na área de Comunicação Social e linguagem.
Passatempo que vira notícia
Depois que os blogs firmaram-se como mais uma fonte de informação, eles tornaram-se trabalho constante para muitos profissionais que antes sequer tinham intimidade com a Web. Em evento sobre tendências da mídia na Internet em junho de 2007, Ricardo Noblat disse que sequer conhecia o que era um blog. Jornalista experiente com trânsito entre políticos de Brasília, Noblat falou que só iniciou um blog porque fizeram um para ele. Na época, ele não tinha a menor idéia de como atualizar a página com novos textos. Hoje, o blog do jornalista é o mais acessado no País, segundo pesquisa do Technorati.
Porém, fazer jornalismo em blogs não significa dizer o que bem entende, sem responsabilidade alguma. A maioria dos portais de notícias do mundo mantêm uma seção de blogs, preenchida com os nomes mais importantes de sua redação. A diferença do trabalho exercido nesses casos é a liberdade no trato do assunto, da linguagem empregada, dos recursos audiovisuais e do espaço de postagem praticamente ilimitado.
O jornalista Rui Maciel, que escreve para o blog de tendências e novidades em tecnologia TechGuru (http://www.techguru.com.br/), diz que quando se tem uma página como profissão, “o segredo, como em qualquer outro veículo jornalístico, é trazer a informação correta, sempre que possível em primeira mão, ser claro e objetivo”.
Antes de escrever para blog, Maciel trabalhou em vendas e também na área de tecnologia. Depois que se formou em Jornalismo, escreveu sobre cultura e variedades até começar cobrir o setor de Tecnologia da Informação. Hoje, atualizar a página e “pensar” o TechGuru é a sua principal atividade profissional.
Ele ressalta os recursos multimídia que um blog oferece. “A principal vantagem é a possibilidade de o blog não contar com um formato quadrado, em que a notícia tem de sair sob um determinado padrão, tanto visual quanto escrito. Você pode mudar o formato do conteúdo. Há posts que privilegiam a imagem, outros que dão preferência ao texto e outros que focam o vídeo”.
Cada vez mais sério
Em 2006, autoridades do Sudão expulsaram três membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que estavam em missão oficial ao país porque um deles criticou o governo local e grupos rebeldes em seu seu blog. Jan Pronk era o principal comandante da missão em cargo e recebeu um prazo de três dia para deixar o país.
Já no Ocidente rico e desenvolvido, um dos economistas de mais alto cargo do FMI (Fundo Monetário Internacional) - Simon Johnson, responsável pelo departamento de pesquisas - acaba de lançar um blog em que pretende escrever sobre economia global, principalmente para pessoas que "não estão presentes em coletivas de imprensa".
O lançamento da página virtual surgiu para aproveitar um acontecimento do ciclo de conferências do FMI e do Banco Mundial em Washington. Johnson pretende usar o espaço para receber perguntas e comentários sobre o evento. Ele deixa evidente que jornalistas são bem-vindos, mas o foco principal do blog é conversar diretamente com pessoas que estão no dia-a-dia das reuniões. Johnson não exclui a possibilidade de postar sobre as outras atividades do FMI. Os comentários enviados pelos leitores são selecionados antes da publicação.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Vídeo sobre o livro Admirável Mundo Novo
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Após quase 30 anos, Vila Sésamo volta ao Brasil
TV Cultura investe R$ 2 milhões na produção de 78 episódios da primeira temporada da série, que estréia nesta segunda-feira
Eliane Pereira - 23/10
Estréia nesta segunda-feira, 29, em dois horários (8h30 e 14h), a nova versão nacional do programa infantil Vila Sésamo. A atração volta à televisão brasileira 29 anos após sair do ar (em 1978), pelas mãos da mesma TV Cultura que a trouxe para cá no início dos anos 70. Diferente da primeira versão, a atual não terá personagens humanos, apenas bonecos, sendo que um deles - a personagem Bel - foi criado especialmente para o Brasil. Ela vai contracenar com Garibaldo, o pássaro gigante já conhecido do público.
Mantenedora da TV Cultura, a Fundação Padre Anchieta está investindo R$ 2 milhões no projeto, segundo seu presidente, Paulo Markun. Parte desse investimento deverá ser coberta por patrocínios ou apoio institucional. As negociações nesse sentido ainda estão no início, revela o diretor de marketing da emissora, Cícero Feltrin.
Alimentos e bebidas pouco saudáveis, por exemplo, estão fora da questão. Mas essa política é flexível e pode se adaptar à cultura de cada país, conforme explica David Diesendruck, da Redibra. Para este final de ano, apenas livros, DVDs e o boneco Elmo TMX (lançado no Dia das Crianças pela Mattel) estarão disponíveis. A linha de material escolar só está prevista para o final do ano que vem.
As brincadeiras e confusões de Bel e Garibaldo conduzem a parte do programa feita pela TV Cultura (13 minutos, de um total de 45 de duração de cada episódio). Essa primeira temporada é composta por 78 episódios, cuja gravação está prevista para se encerrar no final de novembro. A produção inclui ainda mini-documentários gravados com crianças de várias regiões do País e clipes musicais.
Outra parte do conteúdo é fornecido pela Sesame Workshop, entidade sem fins lucrativos que nasceu há 38 anos, nos Estados Unidos, com a proposta de usar a televisão como ferramenta para ajudar as crianças em idade pré-escolar a se preparar para a alfabetização.
Atualmente o programa é exibido em 120 países e cada um tem sua própria versão. "Pode-se dizer que Sesame Street é a maior vila do mundo", brinca David Victor, vice-presidente da Sesame Workshop, que veio ao Brasil para o lançamento.
domingo, 21 de outubro de 2007
'Voz do Brasil' será tema de audiência pública
Flexibilização da transmissão será discutida em reunião da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado
18/10
A flexibilização do horário de transmissão do programa 'Voz do Brasil' será tema de reunião da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado na próxima quarta-feira, 24. Foram convidados a participarem do debate o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, o consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo de Souza Hobaika, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slavieiro o diretor-executivo da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), Flávio Lara Resende e o diretor da Secretaria Especial de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, William França.
O senador Wellington Salgado, do PMDB mineiro, requereu o debate por acreditar que veiculação obrigatória do programa vem sofrendo, nos últimos tempos, uma série de questionamentos judiciais por emissoras de rádio. Ele ainda lembra que o Senado analisa atualmente algumas proposições sobre o tema, que buscam alterar o horário de transmissão do programa.
No requerimento, Wellington Salgado lembra que o programa Voz do Brasil teve sua origem legal com a edição, pelo então presidente Getúlio Vargas, do Decreto 21.111, de 1932. As informações são da Agência Senado.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Humanos se casarão com robôs em breve, diz pesquisador
Qual das duas moças é o robô?
Fonte: Redação Terra
Ainda neste século, humanos poderão se casar com robôs. E consumar o casamento. A tese é defendida pelo britânico David Levy, pesquisador em inteligência artificial na Universidade de Maastrich, na Holanda, que terminou recentemente seu Ph.D sobre as relações entre humanos e robôs. Em seu trabalho, intitulado Intimate Relationships with Artificial Partners (Relações íntimas com parceiros artificiais), Levy argumenta que os robôs serão tão humanos na aparência, nas funções e na personalidade, que muitas pessoas vão se apaixonar, fazer sexo e até mesmo se casar com eles. "Pode soar meio estranho, mas não é. Amor e sexo com robôs são inevitáveis", disse ele ao site LifeScience.
No ano passado, o fundador da European Robotics Research Network, Henrik Christensen, previu que as pessoas estariam fazendo sexo com robôs dentro de cinco anos. Levy considera a estimativa "bem provável", pois já existem bonecas sexuais bastante realistas à venda, e trata-se apenas de acrescentar alguns comandos eletrônicos a elas para dar-lhes mais vibração, ou alguma capacidade de resposta. "É muito primitivo em termos de robótica, mas a tecnologia já está disponível", disse.
O pesquisador também disse que há uma tendência de os robôs terem uma aparência mais "humana", além de um contato cada vez mais próximo com as pessoas. Um exemplo é a andróide Repliee 2, apresentada em outubro do ano passado no Japão. À primeira vista, não se distingue, (na foto acima, à direita), quem é a robô e quem é a estudante.
"Primeiro os robôs eram usados impessoalmente, em fábricas onde ajudavam a construir automóveis, por exemplo. Depois foram para os escritórios entregar correspondência e agora guiam visitantes por museus, entraram nas casas para limpá-las, como o Roomba. Hoje você tem brinquedos robóticos, como o cão Aybo da Sony ou pets de estimação como os Tamagotchi", exemplificou.
Blade Runner real
O site lembra que a idéia de relações entre humanos e suas criações, artísticas ou mecânicas remonta à antiguidade, citando o mito grego de Pigmaleão, que se apaixonou por Galatea, estátua esculpida por ele e dotada de vida pela deusa do amor, Vênus.
Nos tempos modernos, além da ficção científica abordar o tema, há cerca de 40 anos cientistas perceberam que alguns estudantes ficavam muito atraídos pelo Eliza, um software criado para responder perguntas e que imitava um psicoterapeuta. No cinema, são inúmeras as criações - como Blade Runner ou, mais recentemente, A.I., a mostrar a interação entre humanos e andróides.
Amor programável
Levy também cita que psicólogos identificaram aproximadamente uma dúzia de razões básicas para as pessoas se apaixonarem. E quase todas elas poderiam ser aplicadas às relações entre humanos e robôs. "Por exemplo: uma das coisas que predispõe as pessoas a se apaixonarem é a similaridade de personalidade e nível de conhecimento, e tudo isso é programável".
Enfim, amor e sexo com robôs pode, à primeira vista, parecer algo muito "geek". "Mas assim que uma reportagem do tipo 'fiz sexo com um robô e foi ótimo' apareça em algum lugar como a revista Cosmo, por exemplo, acho que muitas pessoas vão querer entrar na onda", disse Levy. Para o pesquisador, não se trata mais de perguntar "se" isso vai acontecer, mas sim "quando".
A reportagem original do site LifeScience pode ser lida (em inglês) pelo atalho http://tinyurl.com/247lpm.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Agente penitenciário tenta suicídio em sessão de Tropa de Elite no Shopping Tacaruna
Fonte: blog do Jamildo
O agente penitenciário Ivson Correia de Oliveira Santos, de 39 anos, teria tentado suicídio com um tiro no abdome ao final de uma sessão do filme e Tropa de elite, no cinema Multiplex Tacaruna, no Recife.
Ivson foi socorrido pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) agora há pouco e levado para o Hospital da Restauração, de acordo com a assessoria de imprensa do centro de compras.
A sessão começou às 17h15, na sala 6, que estava lotada. O tiro foi ouvido segundos depois da última cena do filme (que na verdade é um estampido de tiro).
Um estudante que estava na sessão disse que o homem estava sentado no fundo da sala e trajava camisa, bermuda e tênis. Segundo essa testemunha, funcionários do shopping carregaram Ivson para fora da sala, onde ele ficou aguardando socorro.
Depois de Tropa de Elite, jovens abandonaram maconha, diz roteirista do filme
Rodrigo Pimentel, o roteirista do filme Tropa de Elite, que veio ao Estado a convite do site PE Body Count, revelou, nesta tarde, em entrevista no Sindicato dos Médicos, que vários estudantes, em debates nas universidades do Rio de Janeiro, já avisaram que deixaram de fumar maconha depois que assistiram ao filme.
“Eles compram lá na favela porque não podem comprar em outro lugar”, observou, em fazer a defesa da discriminalização das drogas. Pimentel também disse que nunca usou maconha ou outras drogas.
Na entrevista, também fez uma mea culpa em relação aos estudantes universitários. No filme, estudantes da elite carioca usam e fazem tráfico de drogas, usando uma ONG como pano de fundo.
“Depois que o filme ficou pronto, achei que coloquei nos ombros dos estudantes a culpa, mas não é verdade. Há a polícia corrupta. Há os políticos corruptos, toda uma sociedade. Fiz o mesmo que os secretários de segurança pública do Rio de Janeiro fizeram nos últimos 20 anos”, observou.
Apesar de defender os dependentes ou usuários eventuais, Pimentel faz um chamamento aos usuários em geral de drogas. “As pessoas precisam pensar em que país elas querem viver. Eu, comprando maconha, estou colaborando com o pais?”, questionou. “A maconha é o primeiro produto do narco-varejo”, diz.
Atualmente, o Rio de Janeiro é tão dependente da venda de drogas que o ex-capitão do Bope frisa que, na cidade maravilhosa, não há assaltos a banco, nem sequestro, nem roubo de cargas. “Se a indústria das drogas acabar, o Rio de Janeiro vai desmantelar-se”, declarou.
“Vocês não tem idéia. Os donos dos morros já expandiram os negócios e sobrevivem da oferta de net (TV por cabo pirata), vans e venda de botijão de gás com ágio”, diz.
Mais, daqui a pouco.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Saiba o que as crianças acessam na internet
Por Cinthia Toledo
São Paulo, 10 (AE) - Além de estarem em maior número na rede, as crianças também passam mais tempo na frente do PC. Em agosto de 2005, os internautas com idade entre 6 e 11 anos passaram 14 horas e 6 minutos na web. No mesmo mês deste ano, o número pulou para 19 horas e 28 minutos, de acordo com dados do Ibope/NetRatings.
Ainda é um tempo muito inferior ao dos adolescentes (47 horas e 6 minutos mensais), mas representa um aumento considerável: 44%. E esse crescimento, ao contrário do que muita gente pensa, não foi "roubado" da televisão. O tempo que os pequenos entre 4 e 11 anos de idade passam na frente da TV inclusive teve um leve aumento entre 2001 e 2006, ainda de acordo com o Ibope. Mas o que será que esses pequeninos ficam fazendo na web?
Depende. O Ibope acredita que quando estão acompanhados de suas mães, eles acessam sites de joguinhos. Mas quando estão sozinhos, acessam praticamente os mesmos serviços que os adolescentes, ou seja, sites de relacionamento, programas de mensagens instantâneas e sites de vídeo e de música. "Os endereços infantis aparecem como os mais acessados por mulheres com idade para ser mãe. Certamente estão acompanhadas de seus filhos", explica José Calazans, analista de mídia do Ibope.
Quando se analisa crianças de 10 a 13 anos, por exemplo, o site mais acessado é um de pesquisa de imagens, seguido por um de enciclopédia online. Sites de downloads e de vídeos também estão no topo da lista. O Ibope não permite a divulgação dos nomes desses sites.
Com um universo um pouco mais diversificado, com crianças de 2 a 13 anos, os sites de jogos alcançam as primeiras posições, mas, de acordo com o Ibope, são jogos com um perfil mais de adolescente. Agora, quando você pergunta para as crianças o que elas mais acessam na web, a resposta é praticamente unânime: sites de jogos. A explicação do Ibope é de que esses sites de joguinhos, ainda que populares, são ofuscados pelos gigantes que povoam o mundo dos adolescentes.
Os endereços citados pelas crianças são variados, mas destacam-se www.miniclip.com, www.nick.com.br e www.cartoonnetwork.com.br. Para cada site, eles têm uma boa justificativa para acessar. A frase de Francisco Lima, de 8 anos, resume bem o motivo de tanto fascínio: "Tem quase um milhão de joguinhos!"
Outro fenômeno entre as crianças é o site americano Club Penguin. É uma espécie de Second Life, mas voltado para crianças. Cada uma escolhe um pingüim que será o seu avatar (personagem). É possível conversar com os demais usuários. Valentina Faria, de 9 anos, é fã do site. "É um mundo e você é o pingüim. Lá, eu já surfei e fiz aula de snowboarding", conta.
O site é programado para que não haja maiores problemas no universo infantil. Já na inscrição, a criança é instruída a respeitar os outros pingüins e a não revelar informações pessoais, nem mesmo dar seu nome verdadeiro ao pingüim. É possível colocar apetrechos no boneco, ou até mesmo decorar o iglu. Mas para isso tem de pagar e, diferentemente do Second Life, não é possível comprar o dinheiro. O game distribui moedas por meio de jogos. Os preços variam entre US$ 5,95 por mês ou US$ 57,95 por doze meses.
Valentina chega a combinar com as amigas da escola de se encontrar no Club Penguin. "Quando eu vejo, elas estão no telefone e no computador, já marcando o encontro", diz Marcella Faria, mãe de Valentina, que ainda tem duas irmãs mais novas que também jogam o game. "Uma vez ela ficou brava porque a irmã menor, que não sabe ler, comprou uma cesta de basquete para o pingüim dela", conta a mãe. Apesar do sucesso entre as meninas, segundo o Ibope, cerca de dois terços do público do game é do sexo masculino.
Entre as outras atividades que os pequenos fazem na web destacam-se as pesquisas escolares. Cerca de 90% dos internautas entre 10 e 13 anos já acessou um site de busca, de acordo com o Ibope. Aqueles um pouco mais velhos contam ainda que fazem o download de músicas e usam o Orkut e o MSN.
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Hector Babenco opta pela poesia em novo filme
"Eu já estou cansado de querer descobrir um pouco em meu cinema a verdadeira identidade das pessoas que realmente padecem com a injustiça social, agora estou muito mais interessado (...) em ser um pouco mais poético, um pouco mais leve, mais próximo do meu sentir do que do meu pensar", apontou o diretor em uma entrevista coletiva.
"Estou um pouco mais preocupado em me tornar um ser menos pretensioso", enfatizou o diretor de "O Beijo da Mulher Aranha" e "Carandiru".
Babenco lembrou que sua geração "ia buscar a resposta nos livros", e agora, com o poder da televisão, afirmou não saber se há perguntas.
"Vivemos a velocidade sem sentido, não interessa à maioria fazer perguntas básicas da existência: Quem sou? De onde venho? Deus existe?".
O filme "O Passado", que estreou nesta terça-feira na Cinemateca Nacional da Cidade do México, narra a separação de um jovem casal e as dificuldades que os dois enfrentam quando tentam refazer suas vidas.