sábado, 24 de novembro de 2007

Facebook: a nova onda da rede

O site de relacionamentos preferido dos gringos supera o Orkut em tecnologia
Por Larissa Coldibeli Fonte: Guia da semana

Impossível não reparar na evolução do Orkut de uns tempos pra cá. O álbum passou a ter número ilimitado de fotos, é possível inserir vídeos, mandar scraps animados, ver as últimas atualizações dos seus contatos, restringir algumas informações apenas aos seus amigos, entre outras. Todas as essas mudanças foram feitas para competir com um site de relacionamentos que está bombando nos Estados Unidos: o Facebook.

Se este nome é desconhecido para você, não se desespere. Os internautas brasileiros não são muito bem-vindos por causa da invasão desenfreada que promoveram no Orkut, por isso, a página não está disponível em português. Mas quem manja um pouco de inglês e tem amigos fora do país já se encantou com o Facebook graças aos seus milhares de recursos.

A facilidade de navegação já começa pelo visual, que é bem mais clean. Assim como no Myspace, o perfil pode ser customizado pelo usuário, adicionando ou removendo campos e alterando sua posição. Entre os sites de redes sociais, o Facebook é o mais avançado, pois permite aos usuários controlar de forma global ou detalhada cada parte de seu perfil, permitindo ou bloqueando o acesso as suas informações. Assim, evita surpresas desagradáveis comuns no Orkut, como spams e perfis clonados. Mas, se você tiver um desafeto declarado, é só bloquear o indivíduo, assim, ele nunca terá acesso a sua página.




Visão geral de um perfil


No Facebook, você pode inserir quantos vídeos quiser em praticamente todos os formatos, e não só do Youtube ou Google Vídeo, como exige o Orkut. Também não há limites de fotos, que podem ser organizadas em vários álbuns e o upload é muito mais simples: em vez de transferir as fotos uma a uma, na ordem em que deseja, dá para carregar todas de uma vez. Para mudar a posição, basta arrastar e soltar com o mouse. Fotos tiradas do celular podem ser mandadas direto para o site.

Os álbuns podem ser compartilhados nos perfis dos amigos e personalizados com ferramentas com Slideshow e Photobucket. Você ainda pode colocar tags sobre as pessoas que aparecem na foto e, ao passar o mouse, ser direcionado para seus respectivos perfis.

Outra ferramenta é o Poke, que pode ser traduzido como cutucar. É uma notificação para quando você não tem nada a dizer, mas quer perturbar ou mostrar ao seu amigo que lembrou dele. Você também pode presenteá-lo virtualmente com imagens de um presente que gostaria de dar. Para evitar que o recurso vire spam, as imagens custam um dólar. Você também pode homenagear aquele amigo do peito criando o histórico da amizade, contando como, onde e como se conheceram, coisas que fizeram juntos, etc. Esse histórico deve ter a aprovação dos dois e ambos podem editá-lo.



Lista de grupos
Já o Marketplace funciona como os classificados. Você pode adicionar fotos dos artigos que está vendendo, ver os produtos de seus amigos e buscar em outras redes, além de fazer uma lista de coisas que deseja comprar. Há desde carros a figurinhas. É melhor negócio do que sites como o Mercado Livre, pois os anúncios são gratuitos e tratados de forma mais pessoal.

Diferente das comunidades do Orkut, que no Facebook correspondem aos grupos, você pode fazer parte de redes restritas de contatos. Para fazer parte da rede do seu trabalho ou faculdade, por exemplo, deve provar que faz parte dela com um e-mail corporativo ou o registro acadêmico.

As ferramentas citadas acima já seriam motivo suficiente para trocar o Orkut pelo Facebook, mas o melhor para quem curte tecnologia e passar horas online são os aplicativos. Você não precisa ficar trocando vários scraps para conversar com os seus amigos, no Facebook há mais de 40 aplicativos que disponibilizam chat no seu perfil. Outras ferramentas de interação também não ficam para trás, como a My Questions, onde você coloca uma pergunta na sua página para que seus amigos respondam.

Existem desde ferramentas para quem quer pedir dinheiro emprestado até a agenda do candidato a presidência dos Estados Unidos Obama Barack. Você mesmo pode criar uma ferramenta e disponibilizar para usuários do Facebook, mas precisa ter algum conhecimento de linguagem de programação.

Até o mês passado, o Facebook registrava 43 milhões de cadastros ativos e a expectativa é que ultrapasse os 60 milhões até o fim do ano. Nada mal para um site que foi criado por um universitário e lançado há apenas três anos. A idéia brilhante partiu de Mark Zuckerberg, estudante da universidade de Harvard. Inicialmente, a rede conectava apenas os universitários da instituição e, aos poucos, foi sendo liberada para outras universidades que se cadastravam. Até que, em setembro de 2006, quando já era febre entre os jovens, foi aberto a todos que possuíam endereço de e-mail. E, ao que tudo indica, Zuckerberg vai superar os jovens empresários do Google não só na tecnologia, mas também na conta bancária.

O "cala a boca" do Rei

Recebi esse artigo por e-mail e achei interssante a comparação entre as diferentes reações do presidente Lula e do rei da espanha Juan Carlos.

Todo menino passou por isso ao menos uma vez: Ter de encarar um valentão na escola. Todo mundo já foi para o recreio passando por uma odisséia mental, e a nada metafórica górgona que o aguardava era um moleque mais velho e mais forte, espancador de menores e ladrão de merenda. Todos conhecem o tipo. E todos evitavam cruzar com ele, claro. Quanto maior a distância, menor o problema. Mas alguns usavam uma tática oposta; viviam puxando o saco do sádico mirim. Eram os baba-ovos de plantão, que compravam a simpatia dele com as adulações. Quando o valentão escolhia um deles pra extravasar sua violência natural, a saída do puxa-saco agredido era fingir que tudo não passava de uma brincadeirinha do amigão. Diminuía o tempo de surra e salvava as aparências. Assim o puxa-saco continuava amiguinho do covardão e tentava fazer com que os outros acreditassem que era apenas uma travessura. E afinal, quase nem tinha doído, gente.

Semana passada Lula riu de Hugo Chávez quando foi chamado de sheick da Amazônia e de magnata do petróleo, entre outras graves ofensas. Tudo televisionado. O riso nervoso, forçado, demonstrava claramente que Lulla tinha medo. Lulla morre de medo de Chávez, o valentão boquirroto. Lula fez o papel de amiguinho para apanhar menos.

Lulla foi ironizado, espezinhado, humilhado pelo psicopata Hugo Chávez, na Cúpula Ibero-Americana, ocorrida no Chile. Riu, nervoso, quase histérico, para disfarçar a humilhação mundial que passava. Não só ele, mas, aos olhos do mundo, todo o Brasil foi, de novo, agredido verbalmente pelo venezuelano. O mesmo que chamou nosso Congresso de papagaio dos americanos.

O rei da Espanha não comunga com esses pensamentos. Não agiu como Lula, fingindo que era tudo brincadeirinha do amigão do peito. Não foi fraco, não foi pusilânime. Quando o psicopata falou mal da Espanha e do ex-primeiro- ministro José Maria Aznar, chamando-o de fascista, ouviu o merecido cala-boca; rei Juan Carlos, um homem educado, piloto aposentado da Força Aérea espanhola, fidalgo que bem representa seu país, deu seu recado ao ditador. E ao mundo: chega desse imbecil. Algo que não ouviu do presidente brasileiro; Lula perdeu uma excelente chance de mostrar que não somos idiotas, ou ao menos, que não é covarde. Estamos mal. Lula riu (riu!) ao ouvir as ofensas ironicamente dirigidas ao Brasil e à sua triste figura, meu nobre cavaleiro Dom Quixote; digo, Sancho Pança. Moinhos que o digam. Cervantes foi honrado pelo seu rei. Fomos humilhados pelo nosso presidente, mais ainda que pelo falastrão venezuelano. É de chorar; justamente quem deveria, até pela força de seu cargo, defender o Brasil de Chávez, preferiu fingir que a pancada não doeu. Achou melhor assim. Lula só mostra as garras com os menores, como o jornalista americano Larry Rother, que relatou as paixões etílicas do presidente e quase foi deportado pelo "crime". Com os mais parrudos, age diferente; Chegou até a ficar amigo de Fernando Collor, José Sarney e Orestes Quércia, a quem antigamente chamava de ladrões.

Com Evo Morales não foi diferente. O boliviano espoliou e humilhou o Brasil invadindo militarmente a Petrobrás, com transmissão ao vivo pela TV mundial. Lula fez que não era com ele. Como se a pedrada não tivesse atingido suas costas. O rei espanhol provou que tudo tem limite. Fez com Chávez o que Churchill fez a Hitler em 1938: avisou ao mundo o perigo que representa um tirano demente e armado até os dentes. Parece que Juan Carlos teve mais sucesso que o inglês em sua empreitada. O alerta foi ouvido.

A Europa cansou de Chávez. O rei disse o que muitos pensam, mas não falam. O venezuelano odeia a Espanha, um país que enriqueceu à custa de muito trabalho duro. Muito diferente da Venezuela, que empobrece a olhos vistos, não obstante as fortunas arrecadadas com a exportação de petróleo, cujos lucros vão diretamente para o ralo do populismo e da corrida armamentista.

Na escola em que o rei Juan Carlos ministra aulas, Lula ainda está no primário. E Chávez o espera no recreio, para roubar nossa merenda.

Fernando Montes Lopes - Advogado (fermlopes@uol.com.br)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

TV brasileira chega à pequena tela do celular

Se controle remoto falasse, poderia muito bem reclamar de uma conspiração contra ele. Primeiro foi o YouTube - e o conceito de compartilhar vídeos na internet - que deixou a televisão um pouco de lado, com programação definida por internautas e audiência sob demanda (cada um assiste ao programa na hora que quiser). Pois agora a coisa piorou: a TV chegou de vez ao celular.

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Tem gente no Brasil produzindo programas especificamente para a telinha. Os vídeos ainda são caros e têm curta duração, mas o empenho e a qualidade de produção mostram que, se o controle remoto bobear, pode pedir aposentadoria. Afinal, os aparelhos de TV passarão da sala de estar para o bolso dos telespectadores.

O exemplo mais recente de programa para TV portátil no País é também o mais robusto. A novela Diário de Sofia, que estreou na semana passada distribuída apenas pela rede celular, experimenta linguagens e tem roteiro baseado na interação com o público. Uma adolescente de 16 anos vive seus dramas de colégio e namoro em três episódios semanais. No fim de cada um, usuários de celular escolhem entre dois finais propostos, nos moldes de Você Decide, programa que a TV Globo exibiu entre 1992 e 2000.

Diário de Sofia é, na verdade, um "mobisode", união dos termos "mobile" (celular, em português) e "episode" (capítulo), neologismo criado nos Estados Unidos na divulgação da série 24 Minutos para celulares, inspirada no sucesso televisivo 24 Horas. Funciona assim: usuários se conectam à rede wap da operadora (TIM, Vivo, Claro e Oi) e então acessam o portal de vídeos. Às segundas, quartas e sextas-feiras, novos episódios da novela entram no ar, divididos em quatro vídeos com total de 2 a 3 minutos de duração. O download de cada parte, dependendo do plano e da operadora, custa de R$ 2 a R$ 4, mais o valor pago pelo tráfego de dados. Após baixado, o telespectador pode guardar o vídeo na memória do aparelho e assistir quando quiser.

Mas R$ 10 por um episódio de 2 minutos, quase o preço de um ingresso de cinema em São Paulo, não é caro demais? "Se compararmos com outras mídias, é realmente caro. Mas perto dos demais vídeos distribuídos via wap, como clipes e trailers de filmes, é barato", afirma o diretor-executivo da Aitec Brasil, Luis Ochôa, empresa que produziu a série em 12 dias de filmagens em São Paulo e licenciou a marca Diário de Sofia no País. Antes, a novela já havia sido exibida em Portugal, Estados Unidos, Chile, Canadá, Alemanha e uma série de outros países.

A intenção da novela é seduzir o mesmo número de fãs que conseguiu mundo afora. Para isso, aposta na oferta de conteúdo multiplataforma, com vídeos e um blog na internet (http://www.diariodesofia.com.br), comunidade no Orkut, interação via celular e uma coluna mensal na revista feminina Atrevida. "O público-alvo, formado por adolescentes, só interage com algo se houver o efeito comunidade", diz Ochoa.

Na prática, mais que a adaptação do formato novela para a tela pequena, há por trás uma mudança de foco no que diz respeito a conteúdo para celulares. É olhar os aparelhos como suporte, como a mídia portátil final, caminho diferente do seguido até agora, no qual os equipamentos são vistos como ferramentas de produção por usuários amadores.

Desse jeito vai ficar difícil para o controle remoto, apesar de ele ter uma carta importante na manga. A TV digital estréia no Brasil no dia 2 de dezembro e tem como um dos trunfos oferecer conteúdo para... celular. Sim, a palavra é convergência. As informações são do O Estado de S. Paulo/Link

Site: Yahoo

sábado, 17 de novembro de 2007

Intelectuais comentam perda de espaço da literatura perante o jornalismo

Fonte: Observatório da Imprensa

Por Hermano Freitas

Presentes ao I Salão Nacional do Jornalista Escritor, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) de 15 a 18/11 no Memorial da América Latina, em São Paulo, os escritores com carreira no jornalismo Moacyr Scliar e Luis Fernando Verissimo e o cartunista Jaguar conversaram na tarde desta sexta-feira (16/11) com a reportagem do Comunique-se.

Scliar afirma que, a partir de meados do século XIX, a imprensa ocupou o lugar da literatura como forma primordial de as pessoas se informarem e influenciar em seu estilo foi “natural”. “No jornalismo, o leitor está sempre em primeiro lugar, o que não acontece necessariamente na literatura. De repente a ficção passou para segundo plano”, disse o colunista dos jornais Zero Hora e Folha de S. Paulo.

Linguagem jornalística
Ele cita no Brasil os autores Machado de Assis e Lima Barreto como precursores da literatura com as características de linguagem mais seca, econômica e objetiva, próprias do jornalismo, e identifica :“um sinal claro de que a ficção está em baixa é que ninguém mais escreve sob pseudônimo”. “Cada vez mais o leitor deseja saber que o que ele está lendo é verdade”, afirma.

O jornalista e escritor Luis Fernando Verissimo, autor de crônicas e relatos publicados em diversos jornais e revistas, considera os anos 1940 como marco na consolidação da influência do jornalismo na literatura e cita exemplos dos EUA.

“Temos o clássico (Ernest) Hemingway como um dos que inauguraram este estilo com frases mais curtas e o exemplo mais óbvio de Gay Talese e Norman Mailer”, enumera Verissimo. Ele afirma que os livros-reportagem consolidaram de vez o estilo econômico como predominante na literatura. E sentencia: “não sei se a literatura está em decadência, mas certamente a relidade está muito mais inacreditável”.

Cartum e cerveja
O ex-cartunista do Pasquim Sérgio Jaguaribe – mais conhecido como Jaguar – atualmente na revista piauí, declarou estar um pouco constrangido de comparecer ao evento. “Eu não sou nem nunca fui jornalista nem escritor, sou um cartunista que faz charges para sobreviver”, definiu-se, entre um gole e outro de cerveja.

Ele afirma preferir o cartum à charge e explica: “o cartum você pode ler em qualquer contexto histórico e ele será entendido, a charge está condicionada ao momento”. Entre a nova safra de cartunistas brasileiros, destaca André Dahmer: “é um dos textos mais geniais de sua geração”.

Jaguar concorda com seu amigo Verissimo: “não culpo quem prefere jornalismo a literatura: a realidade está muito mais maluca que a mais maluca das ficções”.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O poder da interatividade

Fonte: (Agência Estado)
Um circo chamado "O Teatro Mágico"

Por Gustavo Miller
Rio, 14 (AE) - Em um Circo Voador lotado - e muito parecido com um, veja só, circo -,vários adolescentes com rostos pintados e narizes de palhaço assistiam à banda Megarex, que costuma abrir aos shows de O Teatro Mágico. Ao terminar sua apresentação, o vocalista do grupo aproveita para fazer um pequeno merchandising. "Então... Para quem gostou da gente e quiser escutar mais o nosso som, nosso CD está à venda ali na barraquinha ao fundo. É baratinho."
A platéia não reage. "Ou vocês podem entrar no nosso site www.megarex.net e fazer o download do disco todo e não pagar nada", termina o cantor. Ah, aí sim. O público aplaude, pula e dá uns berros. Não adianta: com os fãs de O Teatro Mágico, é assim que se fala.

Prestes a completar quatro anos de estrada, o grupo de Osasco é um fenômeno de mídia. Suas apresentações são quase sempre lotadas por jovens que cantam de cor e salteado as letras das músicas e até repetem as coreografias circenses executadas no palco. Ver isso ao vivo já é impressionante, mas maluco mesmo é saber que a banda (trupe, como eles preferem) liderada por Fernando Anitelli é 100% independente.

É sério. A estrutura por trás do projeto realmente lembra o espírito coletivo do circo, em que o cara que vende pipoca na entrada depois assume o trapézio e a tia que vende churros na platéia mais tarde acaba virando a assistente do mágico.
Com eles, é a irmã de Anitelli quem agencia a banda. O seu pai é quem prensa os CDs em casa, faz as capinhas e depois fica na barraquinha vendendo-os por R$ 5 antes de o show começar. Já o seu irmão cuida da logística do comércio. "Vendemos 65 mil cópias desse jeito. Mas se você não pode comprar, é só entrar no nosso site e baixar tudo. Eu não quero fazer dinheiro com vendagem de CDs. Isso nunca aconteceu com o músico brasileiro, pois a gravadora sempre tomou tudo", diz.

O discurso de Anitelli é porrada e talvez por isso que o projeto criado por ele, que mistura música, poesia e circo, faz tanto sucesso com o jovem brasileiro, principalmente aquele com acesso à internet. "O nosso som pegou entre os internautas porque a web é uma mídia livre. Lá você pode agregar, compartilhar... Tudo que é nosso está de graça na rede", diz.

Está mesmo. Além de abastecer muito o seu site www.oteatromagico.mus.br (há um blog, podcast e até uma TV Online, o TMTV), a trupe incentiva os fãs a gravarem os shows ou criarem programas para exibirem na página. O volume de informação é tanto que no YouTube há quase 2 mil vídeos deles, e o site tem 120 mil acessos diários.
"O jovem gosta desse lado de debater, dessa ousadia de quebrar o monopólio da comunicação e saber que a gente pode juntar forças e mudar muita coisa. A TMTV é justamente a nossa MTV, mas sem nenhum filtro. Fez algo interessante? Manda que a gente passa", diz.
"Só fizemos dois clipes para serem vistos no YouTube. O resto é material de fã. Quer dizer, na verdade a gente nem sente que essas pessoas são fãs, mas integrantes, pois entenderam o propósito de nosso projeto, que é facilitar o acesso à cultura. E nisso a internet ajuda muito."

Acostumado a lotar suas apresentações nas regiões Sul e Sudeste do País, o Teatro Mágico testou seu poder de fogo recentemente, indo para o Nordeste. Muitos dos lugares visitados eram cidades que nem conexão à internet possuíam. Mesmo assim, para variar, os shows estavam abarrotados de fãs vestidos de palhaços.
"Quem tinha internet em casa nesses lugares baixava o nosso CD, gravava cópias e depois as distribuía para os amigos", comenta Anitelli. Opa, mas isso não é pirataria? "Não, porque ninguém ali está revendendo o trabalho. Quem nunca teve uma fita cassete escrita ‘Lentas’ ou ‘Rock’, que foi gravada por alguém?", argumenta.

Por ter justamente esse pensamento, Anitelli diz já ter recusado a oferta de cinco gravadoras multinacionais e três selos nacionais. "Ninguém conseguiu chegar próximo de aceitar o que estamos fazendo, de deixar todo o trabalho ser divulgado de graça na internet", fala. Graças a essa postura de "liberou geral", o Teatro Mágico já passou por algumas saias justas.

Recentemente, a trupe chegou a ser multada pelo Ecad, órgão brasileiro responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das obras musicais. A multa foi por eles terem tocado suas próprias músicas, e em seu próprio show!
"Fomos avisados que precisamos enviar uma carta ao órgão e dizer quais canções vamos tocar, mesmo elas sendo registradas como minhas", diz. "Isso assegura os meus direitos? O Ecad foi criado na época da ditadura para o povo saber o que, onde e como você está tocando", reclama.

E qual seria a solução ideal para isso? Anitelli diz ser partidário da lei do Creative Commons, em que você registra a sua obra na web e qualquer um pode usá-la depois, até modificando-a. A única exigência é dar o devido crédito ao criador.
Para aumentar o seu poder de fogo, o Teatro Mágico vem juntando forças com outras bandas do cenário independente, com o intuito de divulgar essa tal cultura livre (a trupe realiza várias palestras sobre o tema). Entre os parceiros estão muitos artistas do Nordeste, como Silvério Pessoa, Cabruêra e Móveis Coloniais de Acaju.

"Um músico sozinho não chega a lugar nenhum, mas uma porção de gente fazendo esse movimento na internet mostra a força que temos. Nosso caminho é compartilhar o trabalho, não apenas exibir", explica. "O povo espera do artista a contestação, o debate, o novo. É isso que estamos tentando, não ficando parados e produzindo sempre. O artista no Brasil não é valorizado como deve ser. Ele é tratado como um mero produtor de entretenimento."

Movimento dos Sem Mídia protesta em frente à Globo SP

Extraído do site Mídia Independente (wsww.midiaindepente.com.br)


Finalmente, estamos na véspera da manifestação diante da sede das Organizações Globo em São Paulo. O ato foi anunciado neste blog e em vários outros espaços na internet durante quase um mês. O Movimento dos Sem-Mídia explicou as razões que fundamentam sua existência e seus atos em dezenas e dezenas de textos. Fiz o mesmo em cerca de duas dezenas de entrevistas que concedi a veículos da imprensa "alternativa". Agora, meu amigos, é com vocês que vivem em São Paulo ou nas cercanias. O que precisamos, mais do que retórica, é de atitudes. E comparecer ao ato de protesto diante do veículo de mídia mais questionado do país, é a atitude mais firme que você já teve oportunidade de tomar. Aproveitá-la ou não depende só de você. Eu fiz minha parte.

Quem quiser transformar essa indignação que tantos vivem manifestando em e-mails, blogs e em conversas particulares em atitude real, deve comparecer amanhã (sábado, 10 de novembro) diante da sede da Globo em São Paulo PONTUALMENTE às 10 horas da manhã. O endereço é avenida Chucri Zaidan, nº 46. Essa avenida é continuação da engenheiro Luis Carlos Berrini, depois que cruza a avenida Jornalista Roberto Marinho. A estação Morumbi da CPTM é próxima dali. É perto do bairro do Brooklin, vamos dizer para quem não conhece bem.

Também quero fazer algumas recomendações.

O Movimento dos Sem-Mídia não acredita em violência e em insultos. Achamos que a forma civilizada com que nos portamos na nossa 1ª manifestação é a base da grande repercussão que têm tido nossos atos. Esse é o melhor caminho para mostrarmos à sociedade que não somos um bando de radicais descerebrados e sim cidadãos ponderados, lúcidos, que querem que concessões públicas como a da Globo, por exemplo, sejam usadas de forma democrática, contemplando os interesses de toda sociedade e não só de uma pequena parte dela, da parte que concorda com os detentores da concessão. Assim, faixas levadas à manifestação de amanhã precisarão se ater aos princípios que professamos. Também é importante o respeito absoluto ao patrimônio público, privado e ao direito de ir e vir das outras pessoas.

As autoridades já foram avisadas do ato que faremos. Em algumas horas reproduzirei aqui os documentos que um dos advogados do MSM enviou à Prefeitura, às polícias civil e militar e ao Detran.

Também quero sugerir a quem compartilha dos ideais que impulsionam o Movimento dos Sem-Mídia e, principalmente, a quem já o integra como filiado, em suma, a todos os que não poderão vir à manifestação, que "assinem" virtualmente o Manifesto que será postado aqui no blog a partir dos primeiros minutos da madrugada de amanhã, sábado.

Tenho refletido muito sobre tudo isto. Às vezes me pergunto se não é loucura achar que um grupo de homens e mulheres comuns, de classe média, pessoas que têm que lutar diariamente para conseguirem pagar suas contas no fim do mês, poderão sequer fazer cócegas num império como esse diante do qual faremos a manifestação de amanhã. Os Marinho são bilionários. Trata-se de uma das maiores fortunas do mundo. Gente para nos retaliar no lugar deles, jamais faltará. Não só por receber algum "estímulo" deles, mas até sem "estímulo" nenhum, só para bajular.

Muita gente não crê em ideais. Acha impossível que, num mundo onde todos só pensam em lucrar pessoalmente, alguém possa fazer alguma coisa pensando no benefício de todos e, mais do que nesse conceito intangível, no benefício das gerações futuras. No entanto, a história da humanidade guarda fartura de exemplos de homens e mulheres, muitas vezes de populações inteiras, que lutaram - e, algumas vezes, venceram - movidos só pelo idealismo no qual hoje tão poucos acreditam. Mas se não acreditarmos em ideais, teremos que acreditar que este mundo em que vivemos não tem salvação, pois sem ao menos uma centelha de idealismo, o que predominará será o salve-se quem puder e, aí, sobreviverão só os mais fortes. Mas a lei da selva não interessa a civilizados.

Apesar de eu agora falar em nome de uma organização da sociedade civil, tenho que falar sobre o que, como pessoa humana, fiz até aqui. É como uma prestação de contas daquele que aceitou o encargo de presidir o MSM. Até agora, fiz o que pude. Abri mão de muita coisa pelo Movimento dos Sem-Mídia. Troquei meu emprego fixo por outro como autônomo para ter como me dedicar ao MSM. Tenho usado tempo que deveria dedicar ao meu ganha-pão a fim de organizar tudo isto. Mas não estou me queixando, apenas estou dizendo que, aconteça o que acontecer amanhã, comparecendo gente para me acompanhar ou não, vindo centenas, dúzias ou só mais um, farei o ato.

Não aluguei carro de som. Vamos usar o megafone. O MSM não tem recursos. Não sei quantos efetivamente vão cumprir com a ficha de filiação que me enviaram pela internet. Não sei quantos assinarão de fato o compromisso de me acompanhar nessa luta. Só sei que fiz o que achei que deveria fazer. Eu não podia mais continuar fazendo comentários em blogs, enviando e-mails, reclamando, reclamando sem assumir a minha cota de responsabilidade como cidadão. Estou absolutamente seguro de que fiz tudo que estava ao meu alcance para mobilizar a sociedade. Não temo fracassar. Só temo não tentar. E eu tentei.

Muito obrigado a todos pelo apoio.

URL:: http://edu.guim.blog.uol.com.br/index.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Aumenta o número de internautas ativos no Brasil

Brasileiros continuam em primeiro lugar em tempo de uso da internet residencial, com 22 horas mensais por pessoa

01/11

O número de internautas ativos cresceu 47% em um ano no Brasil, segundo dados do IBOPE/NetRatings referentes ao mês de setembro de 2007. A quantidade de usuários que navegam mensalmente na internet residencial atingiu 20,1 milhões em setembro de 2007.

Considerando-se todos os ambientes (residências, trabalho e locais públicos gratuitos e pagos) o número total de pessoas com acesso à internet no País chega a 36,9 milhões. Em tempo de uso da internet residencial, os brasileiros continuam à frente dos americanos, com 22 horas mensais por pessoa, contra 18 horas e 54 minutos.

As crianças e os adolescentes de ambos os sexos respondem pela faixa etária que mais têm contribuído para a expansão da internet residencial, com 53%. Os homens com mais de 45 anos tiveram crescimento de 50%. Em intensidade de uso, vêm se destacando as mulheres de 18 a 24 anos, que no período de um ano aumentaram em 25% a quantidade de páginas vistas.

Entre setembro de 2006 e setembro de 2007, as três categorias de maior crescimento percentual foram "Casa e Moda", com 73% de evolução da audiência, "Viagens e Turismo", com 67%, e "Automotivo", com 57%.

Em tempo de navegação por usuário, a categoria "Buscadores, Portais e Comunidades" passou a sustentar a primeira posição. Esse movimento está relacionado ao aumento do tempo online em comunidades.

Hélio Costa garante conversor a no máximo R$ 200

Governo estuda linha de crédito para população comprar o aparelho

07/11

O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse nesta quarta-feira, 7, na Comissão de Defesa do Consumidor, que o aparelho conversor para receber o sinal da TV Digital (Set-top Box) chegará ao consumidor brasileiro a um valor de R$ 150 e ou R$ 200. Costa descartou a possibilidade do aparelho chegar ao mercado por R$ 700, citando o caso de produtos como esse vendidos a US$ 70 no Japão e China. De acordo com o ministro, se o produto entrar pela Zona Franca de Manaus terá isenção de impostos e poderá chegar aos brasileiros por, no máximo, R$ 200.

Além disso, o ministro informou que o governo já disponibilizou uma linha de crédito de R$ 450 milhões para que a indústria eletrônica nacional desenvolva o aparelho, porém disse que até o momento nenhuma solicitou o recurso. Costa destacou que o desafio está lançado e que não entende porque as empresas não querem produzir o Set-top Box.

"Estamos apenas começando a implantação da Tv Digital, é possível que tenhamos esses probleminhas no começo, mas imediatamente após vamos estar solucionando essa questão, até porque tem muita gente já sintonizada com esse problema", avaliou o ministro.

O ministro informou ainda que na próxima segunda-feira, 12, o Fórum da TV Digital irá se reunir para discutir possibilidade de garantir o acesso da população de baixa renda ao sinal digital de televisão que começa a ser transmitido no dia 2 de dezembro na cidade de São Paulo. Entre as propostas está a criação de linhas de crédito nos bancos estatais para aquisição do equipamento.

Entra no ar o OGlobo.mobi

Site para acesso via celulares terá conteúdos do Globo Online e participação dos usuários

12/11

Concebido pela equipe do jornal O Globo, entra no ar nesta segunda-feira, 12, o OGlobo.mobi (globoon.mobi), site para acesso via celulares. Segundo a empresa, a opção pelo padrão "mobi" deve-se ao fato de a tecnologia resultar de uma evolução em relação à primeira geração de sites WAP. Além de oferecer os principais conteúdos do Globo Online, o endereço permite participação dos usuários. "É um site completo no celular e não apenas uma lista de notícias, como a maioria dos sites WAP", diz Daniel Stycer, gerente de planejamento do Globo Online. O executivo afirma que cerca de 40% dos aparelhos em circulação no Brasil já permitem acesso a sites desenvolvidos no padrão mobi.

A terceira idade na rede

Texto publicado pela revista IstoÉ de sete de novembro, por Luciana Sgarbi, com colaboração de de Tatiana de Mello...


Mulheres e homens com mais de 60 ANOS perdem o MEDO do computador e descobrem na INTERNET um mundo mais alegre e sem LIMITAÇÕES

Você é muito jovem, tem entre 16 e 18 anos. Dona Léa Abreu Faria tem 68, e isso os torna de gerações diferentes e distantes. Você e sua galera, no entanto, têm um ponto em comum com dona Léa e uma infinidade de pessoas da terceira idade: a paixão pela internet. Senhorinha esperta que é, a brasiliense Léa viu nessa tecnologia a chave para uma vida mais alegre e sem fronteiras. “O computador não olha idade”, diz ela. “Através dele eu passeio pelo mundo, faço amigos e não dependo mais dos almoços de domingo para falar com meus netos.” A alegria de dona Léa vem de uma semana para cá, justamente quando aprendeu a usar na internet o programa de bate-papo instantâneo. Dona Léa é, na verdade, apenas um exemplo de uma relação de mão dupla que cresce cada vez mais no País entre a tecnologia e a terceira idade – uma relação de conquistas recíprocas. Segundo o Ibope, cerca de 1,2 milhão de internautas brasileiros estão beirando os 60 anos. Os índices apontam ainda que pessoas aposentadas ficam conectadas, em média, 36 horas por mês. Mais: a terceira idade passa tempo maior no computador, se comparada aos adultos na faixa etária entre os 25 e os 34 anos. A tendência é mundial. Nos EUA, por exemplo, cerca de 90% dos idosos acessam regularmente a internet. Na Alemanha, Japão, Luxemburgo, Bélgica e Holanda mais da metade da população da terceira idade se vale do computador como meio de comunicação. A solidão e os cursos de informática, cada vez mais numerosos e mais didáticos, são responsáveis por essa nova geração da internet.

Segundo o Ibope/NetRatings, o serviço mais acessado por pessoas com mais de 60 anos é o programa de mensagens instantâneas, seguido por um software de telefonia pela rede. Outros favoritos são os sites de bancos e de notícias. “Eles chegam aqui interessados em encurtar a distância com os parentes, e o meio mais fácil são esses programas de conversa online”, diz a empresária Mônica Dytz, que há 20 anos coordena cursos na Dytz Informática, em Brasília. “A procura por esses cursos está crescendo mensalmente quase 60%.” Por que isso? A empresária Mônica responde com a sua experiência: “Tive alunas com depressão profunda que saíram daqui marcando curso de crochê. E por email. A internet devolve o vigor que os anos levaram deles.” No curso da Dytz, pagam-se R$ 200 por 20 horas de aulas. O aluno Leonardo Pereira de Valões, militar que aos 70 anos está na reserva, admite: “O que mais me assustava eram os botões e o mouse, dava a impressão de coisa complicada. Hoje já me acostumei e uso todos os dias para ler meus jornais e revistas.”

A advogada paulista Marisa Capriotti, 66 anos, começou a usar a máquina timidamente – e profissionalmente. “Só fazia minhas petições”, diz ela. Nunca fez curso, foi autodidata. “Hoje tenho até uma página na rede, no programa Orkut, porque assim meus amigos acompanham a minha vida.” O que Marisa mais faz pela internet, no entanto, é enviar flores. “É prático e muito gostoso escolhê-las, elas chegam mais bonitas. Mas quero avisar que gosto de ganhar flores também através da rede.”

Se no começo da relação com o computador até os botões podem assustar, como foi o caso do militar da reserva Leonardo, o certo é que o digita-daquidigita- de-lá vai dando desenvoltura e ao longo do tempo muitas pessoas passam a procurar até uma cara-metade pelo computador. O portal Mais de 50 (www.maisde50.com.br), que se volta quase exclusivamente à terceira idade, existe há sete anos e conta com 95 mil idosos brasileiros cadastrados. Ao navegar pelas páginas é possível encontrar a ficha técnica, com fotos e preferências de cada um, o suficiente para começar uma paquerinha. Esse é o caso de Ana Lucia Negrini, 63 anos, e Godoy Saint Mello, 64, que se casaram após trocarem algumas mensagens. “Encontrar um amor pela internet é possível, mas é preciso tomar cuidado e freqüentar sites confiáveis com tradição no mercado. O idoso já viveu quase tudo em vida e não quer perder tempo com trotes e molecagens.”

sábado, 10 de novembro de 2007

O futuro do jornalsimo

Por Ivo Lucchesi para o Observatório da Imprensa

O que se pode pensar quanto ao modelo de jornalismo no futuro? Não são poucos os que, a tal questão, destinam reflexões. Diria que o tema é tão instigante quanto a margem de risco das previsões. Por outro lado, quem olha para frente sabe que, nada vendo, pois o futuro é o ainda será construído, tem o desafio de, na paisagem ausente, inserir algo cujo tempo, depois, confirmará ou não. Pensar, portanto, sobre o futuro implica aceitar, a priori, o risco.

A melhor maneira de diminuir o insucesso do olhar prospectivo é tentar, ao máximo, ater-se ao correto reconhecimento dos sinais já inscritos na realidade presente. O primeiro deles dá conta de que, em âmbito mundial, a circulação de jornais diários decai. Para esse fato, não há muito o que especular: o surgimento de outras opções oriundas das novas tecnologias da informação, afora as anteriores (rádio e televisão), gerou expansão de concorrência.

Em tempos de "infotela"

O impacto das novas ofertas sobre a vitalidade do jornal se deve(u), acima de tudo, por certo equívoco que, há algumas décadas, o jornalismo cometeu: investir na informação, em detrimento do conteúdo. A fórmula satisfez num primeiro momento em que a concorrência era menor: ainda inexistia a informação on-line. No que esta, entretanto, se tornou presença no cotidiano de milhares de pessoas, o formato do "papel-informação" se enfraqueceu ante a "infotela", rápida, caseira e gratuita, principalmente em tempos de "banda larga". É claro que os dois modelos, por algum tempo, ainda haverão de disputar "fatias" de consumidores. Todavia, é inevitável que, para frente, gerações já educadas por estímulos audiovisuais se inclinem, naturalmente, para a procura de informações em telas e não mais em páginas.

A única solução a ser trilhada pelo jornalismo impresso será a de enveredar pelo caminho do conhecimento. Por outro lado, não é tarefa das mais fáceis preencher páginas e páginas (e mais cadernos), diariamente, com matérias propiciadoras de conhecimento. Quem sabe, então, surja a idéia de jornais, a exemplo do que já foram no passado, em lugar de diários, se tornarem semanários, ou edições em dias alternados, como três edições semanais.

Enfim, o que se pontua, no limite deste modesto exercício especulativo, é a imperiosa determinação de o jornalismo impresso passar por uma "reinvenção". O jornalista do futuro terá de se indagar quanto ao papel a ser por ele desempenhado. Em igual condição, já está a figura do professor, bem como a do médico. As tecnologias de informação, conteúdos e diagnósticos, para bem e para mal, são parte da realidade concreta atual e, a despeito das deformações geradas, elas vieram para ficar. Outras mais somar-se-ão.

A tecnologia não anda para trás. Também não dá passo recuado o tempo da história. Deste modo, é infantil qualquer tentativa de confronto. Trata-se de uma guerra que, antes de ser deflagrada, tem vencedor assegurado. A questão reside, pois, em evitar-se a perda maior. Como se sabe, a tecnologia, em si, não tem a noção de ética. A tecnologia propõe; o usuário dispõe. A tecnologia é potência; o indivíduo é ato. No reconhecimento devido quanto ao papel a ser exercido por cada agente, a decisão é a do operante humano. É ele que, por seu ato, demonstra a face radiante (ou terrível) do que é mera potência.

Emancipação do jornalismo impresso

Se alguma eficácia crítica tem o pensamento prospectivo, proposto em parágrafos anteriores, cabe definição no tocante ao futuro desempenho do jornalismo impresso. Nesse caso, o jornal terá de ser capaz de oferecer ao leitor aquilo que ele não seja capaz de encontrar em nenhuma outra "ferramenta" de uso continuado. Esta situação-limite representará uma nova etapa de emancipação do jornalismo impresso. Para tanto, haverá de se redefinirem o perfil e a formação do atual profissional de comunicação, com a devida conseqüência nas grades curriculares dos atuais cursos. A cena do futuro exigirá profissional com apuro intelectual e desenvoltura em línguas. O que for "recrutado" para operar informações em mídias eletrônicas será aquele menos sofisticado intelectualmente e mais eficiente em "tecnicalidades", obviamente, com salário menor. Em contrapartida, será contratado para jornais impressos os que demonstrarem maior suporte de conhecimento.

A rede do capital já sabe, há muito tempo, que quem se forma à base de máquinas é muito menos criativo e incômodo do que aquele que forjou seu saber em obras de densidade. Não é menos verdade também que a rede do capital precisa dos dois, seja no varejo, seja no atacado. A rede fatura com os dois. Os dois, porém, apenas poderão faturar com um. Quem apostar na duplicidade do ganho perderá em ambos. O que se desenha, aqui, é um futuro com prefigurações invertidas, ou seja, o mundo das "infotelas" será entretenimento para as massas, enquanto a realidade das "logopáginas" será destinada a segmentos seletivos.

A "(in)cultura de massas"

O fosso do futuro poderá ser o oposto do que hoje parece o contrário. Hoje, os mais instruídos e, economicamente, ativos estão na "rede", contra o expressivo contingente de excluídos. No futuro, dar-se-á o inverso, a exemplo do abismo que se verificou na Idade Média: o saber atrás das muralhas. A "alegria ingênua", fora delas. Alguém retrucará: o vigor da era renascentista pôs abaixo as muralhas. Sim, é verdade. Passado o primeiro estágio, eis que o quadro se redefiniu em outros formatos. Adiante, a sociedade de massa demonstrou que a fórmula anterior poderia ser reeditada. Foi necessário quase um século para se caracterizar a "(in)cultura de massas".

O jornalismo do futuro terá de aprender que não há absorção de conhecimento, sem a contaminação do "espanto". O problema do jornalismo atual é o fato de ele confundir "espanto" com "sensacionalismo". No futuro, o jornalismo saberá que a "sensação" é tão instantânea quanto fugaz. O "espanto" (do qual surgiu o pensamento filosófico) é impactante e transformador. O leitor do futuro não quererá o segundo, mas perseguirá o primeiro. O segundo será devorado, com avidez, pelo "vedor".

O desafio do jornalismo impresso, resguardado algum grau de equívoco, será o de apostar na análise, na interpretação, na criticidade e na contextualização. Para tanto, precisará da cumplicidade entre cérebros e temporalidade. A TV já ensinou: tudo que é diário não se sustenta pela qualidade. A diferença está no fato de que a TV põe a imagem gratuitamente em todas as casas e a qualquer hora. O jornal, não. Cada um escolhe e, por ele, paga, ainda que seja um preço barato. Esperemos, pois, o futuro.

Sobre controle

Texto escrito por Gabriel Priolli para o Observatório da imprensa que relata sobre o novo seriado da Globo - O Sistema, abordando, por meio do humor, o controle social, a manipulação e a necessidade de fugir desse "sistema".

Um cidadão comum, fonoaudiólogo, neurótico e estressado como todos os demais urbanóides que experimentam a provação de viver numa metrópole brasileira atual, é colhido num teste profissional de uma operadora de telemarketing. Ela quer deixar de ser "passiva", atendendo apenas a pedidos, reclamações e insultos, para tornar-se "ativa", vendedora de serviços e benesses a clientes que, em geral, não precisam deles nem os querem. E liga aleatoriamente para o telefone dele, para demonstrar à chefe que merece a promoção.

Por circunstâncias típicas desse tipo de contato social, há um desentendimento entre os dois e a moça é reprovada no teste, já que não apenas não vende nada como ainda irrita o cliente. Em vingança, ela decide apagar os registros do fonoaudiólogo em todos os cadastros a que tem acesso (e são muitos): bancários, previdenciários, de empresas telefônicas, etc. Com a maior facilidade, simplesmente "apaga" a existência civil do indivíduo, cuja identidade não é mais reconhecida por computador algum, de qualquer serviço público ou privado a que recorra.

Desesperado, o fonoaudiólogo luta para provar que não evaporou do mundo dos vivos e descobre que existe um movimento de resistência, um grupo de guerrilha, que combate arbitrariedades eletrônicas e informáticas de todo tipo. Isso inclui as cada vez mais onipresentes câmeras de vigilância, às quais desabridas guerrilheiras não perdem oportunidade de exibir os seios, num ato de repúdio e transgressão. Unida a esse grupo, a nossa vítima, antes apalermada, agora está próxima de se tornar herói numa insólita luta de libertação, bem sugestiva do espírito dos tempos que correm.

Experimento ousado

Em linhas gerais – ou melhor, em poucos bits – esse é o argumento central da nova série O Sistema, que a TV Globo estreou na semana passada. Concebida pelo trio José Lavigne, Alexandre Machado e Fernanda Young, a série é um experimento ousado de linguagem, que não paga qualquer tributo à teledramaturgia rastaqüera das novelas nem às minisséries, só um pouco mais ambiciosas. Bebe nas águas do cinema de vanguarda (do Matrix americano ao Cheiro do Ralo brasileirinho), dos quadrinhos autorais, da literatura contemporânea mais radical. E oferece um produto de difícil digestão para as platéias imbecilizadas pelo lixo cultural do mainstream da mídia, mas de humor refinado e prazeroso para aquela meia dúzia de telespectadores teimosos, que se obstinam em pensar em vez de entorpecer a mente, quando vêem as luzes piscando na telinha.

O que interessa no novo produto global, entretanto, é menos ele do que o debate conceitual que propõe. Sua contribuição está em recolocar a idéia de um "sistema" como ente abstrato e absoluto, mecanismo de controle social onipotente e inescapável, ao qual todos os indivíduos estão inapelavelmente submetidos, e que só pode ser combatido – quando alguém se dá o trabalho – pela violência revolucionária, posto que não há nada a fazer pelos caminhos institucionais.

É uma idéia cara à ficção, não apenas a nacional nem a contemporânea, talvez porque permita aos criadores um certo grau de análise política e de contundência crítica, sem ultrapassar os limites de suscetibilidade da indústria da cultura e do entretenimento, que lhes paga as contas. Se o sistema não tem rosto nem nome, pode-se bater nele à vontade e ainda ganhar dinheiro, nos meios de comunicação que justamente informam, conformam e sustentam a lógica perversa desse mesmo sistema.

Superação das metáforas do totalitarismo

O sistema como construção sobre-humana, monstro desgarrado do controle dos cidadãos comuns e preso a uma lógica interna, realimentada automática e autonomamente, já foi traçado com maestria pela alta literatura, de O Processo de Franz Kafka ao 1984 de George Orwell. Mas funcionava como metáfora do totalitarismo, flagelo político real da época em que as duas obras foram escritas.

Com a superação histórica desse perigo e o concomitante desenvolvimento dos meios de difusão cultural, a noção de sistema foi ganhando contornos mais difusos, menos ideológicos, sobretudo depois que o termo passou a ser um dos pilares da "novilíngua" da informática. Daí a sua ampla disseminação nos produtos culturais mais variados, muitos dos quais avessos a qualquer preocupação política efetiva.

Estamos fartos de ver bravos policiais norte-americanos tentando enfrentar os piores criminosos, com a oposição permanente do "sistema". Nos filmes de Hollywood, sempre há alguma maquinação superior, tramada em esferas inatingíveis, para proteger os mandantes e financiadores do crime, e seus aliados na justiça, na política e na própria segurança pública. O Bruce Willis de Duro de Matar, por exemplo, não teria se criado, não fosse o "sistema" a desafiá-lo em sua incorrigível rebeldia. Tiros e pancadas sobram para todo lado, algumas cabeças rolam, mas a máquina monstruosa jamais é desmontada de fato.

Transportando o tema para o Brasil, temos neste momento o sucesso retumbante de Tropa de Elite, no qual o protagonista capitão Nascimento agonia-se com a falta de saídas do jogo kakfiano em que foi aprisionado, culpando exatamente quem? O "sistema". Desfilam no filme todos os responsáveis pela tragédia social brasileira, mas no julgamento do próprio capitão – para não falar de incontáveis observadores externos – mesmo eles são, de alguma forma, vítimas da situação. Culpado mesmo é o "sistema". Sempre aquele ente abstrato, avassalador, super-poderoso, que nem vale a pena combater porque jamais será desmontado.

Graça no sistema indefinível

No seriado global, o humor está em pintar o absurdo desse "sistema" e a tentativa anárquica, alucinada, de denunciá-lo e combatê-lo. É nisso que reside a graça dos personagens e de suas ações. Mas não parece provável que, nos próximos capítulos, os elementos constitutivos do sistema opressor sobre o cidadão brasileiro – a ganância empresarial, o desprezo aos direitos sociais e individuais, a incompetência do Estado, a irresponsabilidade dos gestores públicos, a mediocridade e a manipulação da mídia etc – serão esmiuçados criticamente, para revelar ao espectador onde, afinal, ele se apóia. Até para a funcionalidade da narrativa humorística, convém que o "sistema" siga abstrato e indefinível, porque assim incomoda menos e pode até ser engraçado.

A situação vivida pelo fonoaudiólogo de O Sistema só é possível num Brasil em que as empresas têm mais direitos que os cidadãos, em que a pessoa humana só tem status se pode consumir, em que o Estado não regula a vida social e sim atende aos interesses da "elite" dominante. Num Brasil que tem leis que "pegam" ou "não pegam", que são respeitadas apenas por quem não pode pagar pela inobservância delas, que faz da luta por direitos mínimos uma tarefa de Brancaleones estóicos. Seria fácil identificar os grandes responsáveis por esse estado de coisas, e as formas de mudá-las. Mas não vale muito a pena, sobretudo se o que estamos fazendo é apenas... televisão.

"Antigamente, a gente lutava para derrubar o sistema. Agora, ele cai uns minutinhos e a gente fica desesperado." A piada corrente expressa mais do que a mudança de perspectivas, do mundo em revolução nos anos 1960 para a globalização conservadora da atualidade. Expressa resignação e cansaço, por um estado de coisas paradoxal, que a cada dia nos oprime mais, enquanto nos seduz e anestesia. Se é tão difícil mudá-lo, que ao menos seja possível rir dele.